terça-feira, 14 de agosto de 2012

Projeto quer transformar MS no segundo em produção de borracha natural

Complexo da Borracha Natural em Cassilândia terá todos os elos da cadeia produtiva

Com o investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões até 2023, sendo R$ 300 milhões já aplicados no empreendimento, projeto lançado nessa quinta-feira (10), pela Cautex Florestal, em Cassilândia, a 428 quilômetros de Campo Grande, pretende transformar Mato Grosso do Sul até 2030 no segundo maior produtor de borracha natural do País. Atualmente o Estado nem figura na lista dos principais produtores nacionais.

O projeto do Complexo da Borracha Natural vai reunir todos os elos da cadeia produtiva no município sul-mato-grossense. Para isso, segundo o diretor da empresa, Getúlio Ferreira, será construído um viveiro de mudas, intensificado o plantio de seringais na região, implantada uma agrovila para acomodar os trabalhadores do empreendimento, instalado um centro de treinamento de mão de obra e criado um parque industrial para beneficiamento da borracha dos seringais e ainda para abrir indústrias de transformação da matéria-prima.

O viveiro, conforme Ferreira, será construído a partir de outubro deste ano e terá capacidade para produzir 2 milhões de mudas por ano. Será o quarto viveiro da empresa, que já possui duas unidades em Macaubal (SP), cada uma com capacidade para 1 milhão de mudas, e outra em Paranaíba, que também produz 1 milhão de mudas.

Quanto a intensificação do plantio de seringais, que demoram sete anos para entrar entrar no período de produção e tem vida útil para extração do látex de até 40 anos, o gestor da Cautex diz que a empresa já tem cultivados 5 milhões de árvores em 90 propriedades em cinco estados: Mato Grosso do Sul (3,350 milhões de seringueiras), São Paulo (800 mil), Mato Grosso (300 mil), Goiás (280 mil) e Minas Gerais (270 mil).

"Até 2016 temos como meta alcançar 20 milhões de seringueiras plantadas em uma área de 40 mil hectares, mas pretendemos começar a produzir já em 2014, quando as primeiras árvores cultivadas entram no período de produção. Em 2023, quando o complexo estiver em pleno funcionamento devemos produzir 80,732 mil toneladas de borracha natural, o que é muito significativo, já que a produção nacional prevista chegaria a 280 mil toneladas", comenta.

Com a previsão de gerar mais de cinco mil empregos diretos e indiretos no complexo, a empresa deve iniciar também em outubro a construção do centro de treinamento de mão de obra. Por ano, a previsão é capacitar cerca de 800 pessoas para trabalhar na enxertia e como tratoristas, operadores de máquinas, sangradores, supervisores de sangria e gerentes de produção.

Para abrigar esse contingente de trabalhadores, que equivale a cerca de 24% da população da população de Cassilândia, aproximadamente 20,9 mil pessoas, conforme o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também será construída uma agrovila com 1.500 moradias.

Completando a cadeia produtiva da borracha natural, Ferreira lembra que o projeto terá ainda um parque industrial que abrigará uma industria de beneficiamento e as fábricas que farão a transformação da borracha. Ele revela que uma empresa de grande porte já assegurou instalação na região e outras três de médio porte já iniciaram negociações neste sentido.

Projeto quer transformar em polo da atividade

A estimativa do diretor é que em 2023, quando estiver operando plenamente o empreendimento gere um Produto Interno Bruto (PIB) para Mato Grosso do Sul de R$ 1,12 bilhões. "Para um pequeno produtor que tenha até 6 mil plantas, por exemplo, em que duas pessoas trabalhem na atividade o rendimento mensal familiar pode chegar a R$ 8 mil. Já para um grande produtor, que tenha mais de 100 mil árvores, em uma área de 200 hectares, o lucro operacional, já descontados os custos com a mão de obra, que é de 32% do faturamento e com manutenção, que é de 8%, sem contar os impostos, pode chegar a R$ 120 mil por mês, ou R$ 1 por planta mês", explica.

Oportunidade

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Correa Riedel, disse que a concretização do projeto representa uma grande oportunidade para o produtor rural diversificar seus negócios e lembrou que o agronegócio do Estado vem se desenvolvendo em várias áreas, como a produção de cana e a de florestas plantadas, deixando no passado a dependência que sua economia tinha do binômio soja-boi.
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, ressaltou que a viabilização de iniciativas como a do Complexo da Borracha Natural, ocorre principalmente em razão do trabalho em consonância da iniciativa privada, do Poder Público e das entidades de apoio. "Todos caminham na mesma direção e isso acelera e viabiliza os projetos. Por isso, a indústria do Estado vai bem, apesar dos problemas enfrentados em âmbito nacional", analisa.

Já a secretária de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, destacou a importância da política de incentivos fiscais implantada pelo governo do Estado para atrair empreendimentos como este e revelou que o Executivo Estadual fará também a doação de uma área de 300 hectares para a instalação da agrovila, do viveiro e do parque industrial do projeto.

Por fim, a vice-governadora, Simone Tebet, lembrou que um projeto dessa envergadura acaba beneficiando não somente o município que recebe o empreendimento, mas toda a região. "Vivenciei isso quando Três Lagoas, com duas indústrias, se transformou na capital da celulose, agora, Cassilândia vai se transformar na capital nacional da borracha natural, gerando desenvolvimento e riqueza", concluiu.

O lançamento do Complexo da Borracha Natural foi feito dentro da programação da última edição do Programa Mais Florestal, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que faz parte do plano para o Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas de Mato Grosso do Sul e tem o objetivo de incentivar a implantação de áreas florestais no Estado.


Fonte: Agrodebate

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