sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Estoque para álcool terá efeito só em 2013
O financiamento do governo para estocagem de etanol deve gerar efeitos sobre o preço do combustível somente na próxima entressafra da cana-de-açúcar, entre janeiro e abril de 2013.
A MP (medida provisória) que autorizará os financiamentos às usinas está em análise pelo departamento jurídico da Casa Civil e deve ser publicada até a próxima semana, afirmou o Ministério de Minas e Energia. De acordo com a avaliação de empresários e consultores do setor, o governo chegou mais uma vez atrasado à discussão e agora pretende dividir a conta com medidas de curto prazo.
"A MP vem tarde porque a entressafra já está aí. Ela tem de vir é no pico da safra, para que não se venda o produto para fazer dinheiro", disse Maurilio Biagi Filho. "A ação do governo em facilitar a estocagem do etanol é boa, mas trará resultados apenas a partir da próxima safra, pois já estamos no final da moagem", disse Marcos Fava Neves, professor de planejamento da FEA/USP de Ribeirão Preto.
TRÊS MESES DE CONSUMO
Atualmente, segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) divulgados ontem, as usinas da região centro-sul têm 5,97 bilhões de etanol em estoque, o que equivale a quase três meses de consumo.
O valor é resultado da diferença entre o total produzido (16,99 bilhões de litros) e o comercializado (11,02 bilhões de litros) desde o começo da safra até 1º de outubro.
Com relação à importação do combustível, as usinas compraram 591,9 milhões de litros de janeiro a agosto deste ano, ante os 74,5 milhões adquiridos no ano passado. Em ambos os casos, o principal mercado fornecedor são os Estados Unidos. Para Biagi Filho, o financiamento tem que vir acompanhado de taxas de juros competitivas para se tornar viável. "O produtor não vai se arriscar para fazer estoque e depois não ter dinheiro para pagar", disse.
CONTRAPARTIDA
A Casa Civil não divulgou ontem o valor da linha de financiamento e as contrapartidas que poderão ser exigidas pelo governo para que os usineiros tenham acesso ao recurso disponível.
Para o sócio da consultoria FG/Agro, Juliano Merlotto, a medida provisória não pode gerar interferência no mercado. "Os negócios precisam se manter livres para que os preços acompanhem a oferta e a procura", disse.
"Se o governo condicionar os recursos para estocagem, como ficarão os produtores com contratos de fornecimento? Eles não podem ter a comercialização controlada porque isso poderá representar mais prejuízos ao setor", disse o consultor. A Unica não se manifestou.
Fonte: Folha de S. Paulo
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