sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Chineses fazem nova ofensiva de olho na soja e em lavouras
São Paulo - Dois grupos de representantes chineses se reúnem hoje (13) em São Paulo e em Goiás para discutir futuros investimentos no agronegócio brasileiro. Na capital paulista, o governo baiano pretende conversar sobre o andamento do processo para instalação da esmagadora de soja na cidade de Barreiras (BA). E em Goiânia a intenção é retomar as negociações para investimentos em novas áreas de soja no estado.
Outro estado que também mantém fortes contatos com integrantes chineses é o Mato Grosso, que deve ir para a China no começo de novembro para assinar um acordo de parceria entre a Associação do Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), e a Câmara de Comércio Brasil-China, que lidera mais de 95 empresas do setor agropecuário daquele país. O objetivo é estabelecer um ambiente para futuras parcerias.
A China, que é a maior parceira comercial do agronegócio brasileiro, com importações na casa dos US$ 7,6 bilhões no acumulado de janeiro a junho deste ano, alta de 22% ante o mesmo período do ano passado, preparou uma verdadeira ofensiva para fechar parcerias no Brasil. Somente no mês de setembro o país importou 93% a mais, na comparação com 2010, e liderou com 20% de participação as compras de produtos do Brasil.
Mas, apesar dos incrementos nos embarques para a Ásia, os governos estaduais brasileiros não estão interessados em apenas comercializar matérias-primas. A ideia é atrair investimentos para agroindustrialização, logística e restauração de lavouras.
O Estado de Goiás, que discutia, no primeiro semestre deste ano, uma parceria com a China, para transformar pastagens degradadas em lavouras de soja, é um destes casos. Com mais de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, o estado previa aportes na casa dos US$ 7 bilhões para transformá-las em áreas aptas para o plantio de soja. "A nossa negociação com os chineses estava em um compasso de espera desde então, para aguardar a mudança de governo e no governo", comentou o analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg) e responsável pelo assunto do estado, Pedro Arantes.
O executivo, que irá se reunir novamente com integrantes do governo chinês hoje, em Goiânia, espera retomar as conversações sobre o grande investimento. "Queremos resgatar as negociações desse processo. Vamos apresentar para eles nossa proposta. Entretanto, a previsão é de começar na safra 2011/2012, diferente do que os chineses queriam, que era atuar já na safra 2010/2011".
Em São Paulo os chineses se encontrarão com membros da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), para tratar do andamento dos processos para a instalação da indústria esmagadora de soja no estado, que contou com aportes asiáticos. "Vamos nos reunir com esse grupo hoje para discutirmos os próximos passos para esse processo. Também vamos conversar sobre o interesse deles em investir no sistema logístico do estado, além é claro, da instalação futura de uma industria têxtil", contou o secretário da Agricultura do estado, Eduardo Salles, que foi nomeado como presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura, (Conseagri).
Salles comentou também que o processo de instalação da nova indústria passa pela fase final de licenciamento ambiental, que deve terminar até dezembro, quando se inicia o processo de contratação de mão de obra. "Agora a nossa indústria para processamento de soja em Barreiras está passando pela fase final de licenciamento ambiental. Acredito que até o final deste ano o licenciamento deve terminar, e o começo das obras será no começo de 2012", garantiu ele.
Em Mato Grosso a expectativa gira em torno de mais uma missão do estado à China para assinar o acordo de parceria entre a Aprosoja e a Câmara de Comércio Brasil-China. "Não adianta fechar parceria para vender matéria-prima. Sugerimos para eles investimentos na área de logística para o agronegócio, ou seja, fechar parcerias com o governo do Mato Grosso para construir ferrovias, hidrovias, estradas e armazéns. Com isso, eles reduziriam os custos para transportar os produtos comprados", contou Carlos Favaro, diretor da Aprooja.
Favaro afirmou que essa parceria servirá para intermediar as relações entre os governos do Mato Grosso e o chinês. "Agora no começo de novembro devemos oficializar esse protocolo com as devidas diretrizes de atuação de cada entidade. Assim, nós poderemos levar as propostas do nosso governo a China e vice-versa".
Terras para estrangeiros
Apesar da liderança na participação em compras de matérias primas do Brasil, a China possui propriedade de apenas 1% dos atuais 4 milhões de hectares de terras brasileiras em mãos de estrangeiros, segundo dados do Incra. O maior proprietário é o Japão com 23%, seguido pela Itália com 7%.
Fonte: DCI
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