quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Banco Central quer segurar altas e baixas maiores do dólar




A queda da cotação do dólar, iniciada ontem após uma operação do Banco Central, fez a moeda americana cair ontem abaixo dos R$ 2 e fechar o dia a R$ 1,983.

A cotação do fechamento de ontem foi a menor desde 28 de maio de 2012.

Embora o objetivo do BC tenha sido o de evitar uma desvalorização "excessiva" do real -sem precisar que patamar é considerado desejável-, o órgão não abandonar a política de ter no Brasil uma taxa de câmbio mais favorável à indústria, uma das marcas da gestão Dilma Rousseff.

Ou seja, deve atuar para manter o real desvalorizado.

O pano de fundo desse dilema atual da equipe econômica é o baixo crescimento associado a um cenário mais delicado para o IPCA (índice oficial de inflação) nestes primeiros meses do ano.

O governo vem tentando administrar a alta das tarifas de ônibus e dos serviços. Ao mesmo tempo, trabalha para fazer com que os empresários apostem na retomada do crescimento e elevem os investimentos em novas fábricas e maior produção.

Conseguir retomar o crescimento é a prioridade da presidente da República neste ano pré-eleitoral, e um aumento dos juros nos próximos meses para segurar a inflação não é exatamente o cenário ideal para o Planalto.

A interpretação do mercado financeiro foi que o BC passou a trabalhar para ter um real mais forte neste momento, o que favoreceria as importações e ajudaria a conter reajustes de preços.

Com isso, as apostas passaram a ser de mais valorização e a taxa caiu para menos de R$ 2. Em setores do governo, porém, a avaliação é que o BC quis apenas segurar uma escalada na taxa, com medo que isso repercutisse negativamente na inflação.


´Pouquiho´

Segundo a Folha apurou, não se espera mudança na política cambial. Na Esplanada, há os que até defendam "deixar o câmbio cair ´um pouquinho´" -mas sem comprometer o esforço para desvalorizar o real, que fez a cotação subir de R$ 1,60/R$ 1,70 para acima de R$ 2.

Esse "pouquinho" pode baratear a compra de máquinas e equipamentos importados, necessários para aumentar a produção. Hoje, portanto, o câmbio é visto como um "instrumento auxiliar" no controle de preços, desde que não atrapalhe a indústria.

A avaliação está em linha com a última ata da reunião do Copom, o comitê do BC que define o patamar de juros no país. No documento, os diretores chamaram a atenção para a perspectiva de "moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros" nos próximos meses, o que foi traduzido pelo mercado como o comportamento da taxa de câmbio.

Sheila D´Amorim, Natuza Nery e Anderson Figo
Fonte: Folha de S. Paulo

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