terça-feira, 13 de março de 2012

Restrição a capital externo faz dólar subir 1,12%, a R$ 1,805



O dólar comercial começou a semana com firme alta ante o real depois que o governo anunciou nova medida cambial.

Para não pagar 6% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), os empréstimos externos têm de ter prazo superior a cinco anos. Até então, o prazo era de três anos. Mas o que mais assusta é a possibilidade de novas medidas.

Dados preliminares apontam que o dólar comercial fechou com alta de 1,12%, negociado a R$ 1,805 na venda. A máxima do dia já foi a R$ 1,834 (+2,75%).

Na sexta-feira, a moeda subiu 1,31%, a R$ 1,785.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para abril mostrava valorização de 0,61%, a R$ 1,8125. Mas chegou a valer R$ 1,843.

O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, recuava 0,09%, a 79,89 pontos, maior leitura desde meados de janeiro. Enquanto o euro subia 0,36%, a US$ 1,315.

CONTA-GOTAS

A política de conta-gotas foi pré anunciada por Mantega. Na última quarta-feira (7), ele prometeu anúncios semanais para segurar o dólar e reanimar a economia.

Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o governo tomaria medidas "toda semana" para calibrar a economia brasileira e evitar que o real se valorizasse.

Com a medida de agora, o governo quer tornar menos atraente a busca por esse crédito mais barato diante da enxurrada de liquidez graças às políticas expansionistas praticadas por Estados Unidos, União Europeia e Japão.

A intenção do governo é evitar a entrada de recursos que ficarão no país por pouco tempo em busca de altos rendimentos no setor financeiro. O excesso de dólares entrando no país faz com que a cotação da moeda norte-americana se desvalorize, o que impacta a indústria brasileira ao tornar mais caro as exportações e mais barato as importações.

Como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido enfático de que tomará todas as medidas para evitar a valorização excessiva do real, no mercado financeiro há um temor de que as ações podem afugentar investimentos do país.

"O que é amedrontador é como tudo isso pode ter impacto no apetite por investimento no Brasil", afirmou o economista para América Latina da Standard Chartered, Italo Lombardi, em Nova York. "Apesar de eles [o governo] afirmarem que não vão taxar investimento estrangeiro direto, nunca se sabe. Eles estão sendo muito agressivos", emendou.

O ministro já informou que o investimento produtivo será bem-vindo e não será sobretaxado. O governo quer estimular prazo maior na tomada de crédito no exterior e uso do mercado interno no financiamento corporativo.

A preocupação com o câmbio deve-se também à situação da indústria que tem sofrido com produtos importados mais baratos. A produção industrial de janeiro, medida pelo IBGE, caiu 2,1% em relação a dezembro, causando espanto dentro do governo que esperava um número mais brando.

REAL

Na relação inversa, o real é a moeda que mais perde para o dólar no mundo nesta segunda-feira. A divisa brasileira, que já foi destaque de alta ante o dólar no acumulado do ano, caiu para décima posição desse ranking de divisas emergentes e desenvolvidas.

As atuações do governo do câmbio se intensificaram depois que a linha de R$ 1,70 foi perdida no mercado à vista e futuro. Depois disso, as compras do Banco Central (BC) nos mercados à vista e futuro se intensificaram, bem como as ameaças da Fazenda.

De fato, no dia 1º de março, o prazo para captações externas subiu de dois para três anos (esse mesmo prazo foi revisto nesta segunda-feira) e o Banco Central limitou o pré-pagamento de exportações a 360 dias, antes não existia limite de prazo.

Pela análise gráfica do Nomura, se a linha de R$ 1,838 for superada e confirmada, a moeda passa a mirar a linha de R$ 1,87.

Conforme o real perde preço de forma mais acentuada que seus pares externos, cresce a atratividade de montar apostas de valorização da moeda brasileira, não só ante o dólar, mas também contra o peso mexicano e dólar australiano, por exemplo.

No entanto, o investidor tem de escolher entre a perspectiva de lucro e o risco de desafiar a vontade do governo de desvalorizar o real.




Fonte: Folha Online

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