Médio norte concluiu plantio. Região que concentra 40% da produção finda semeadura ao mesmo tempo em que surge foco
Os sojicultores mato-grossenses não estão tendo tempo de respirar na safra 2012/13. Quem esteve às voltas com a falta de chuva até o final de outubro agora se vê sob a pressão da ferrugem asiática, doença fúngica que reduz a produtividade e amplia os custos de produção. Dois focos em soja guaxa, plantas remanescentes da safra passada e que se desenvolvem além dos limites da porteira, foram confirmados da semana passada até agora, e eles, tanto em Alto Araguaia como em Lucas do Rio Verde – confirmado no último dia 15 – estão em guaxas muito próximas das lavouras comerciais, cuja boa parte se encontra em fase de florescimento e formação de vagens, estágio muito suscetível aos efeitos danosos da doença.
O coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA), em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, frisa que a chuva que beneficia o avanço do plantio pelo Estado e o desenvolvimento das lavouras é a mesma que torna cada vez mais iminente a explosão da ferrugem asiática, já que os esporos encontram na umidade e no calor condições ideais de proliferação.
“O alerta sobre a forte incidência da doença nesta safra vem sendo dado desde agosto quando as visitas que fizemos ao interior mostraram o maior volume de soja guaxa já visto nos últimos anos. Pelo menos 80% das plantas que nasceram às margens das estradas durante o período do Vazio Sanitário eram portadoras da ferrugem asiática e agora, com a rebrota dessas guaxas, temos visto a doença passar da folha velha para folha nova com a chegada das chuvas. Focos da ferrugem em lavouras comerciais de norte a sul, leste e oeste de Mato Grosso é uma questão de tempo, pouco tempo”, alerta.
Como completa, a multiplicação do fungo Phakopsora pachyrhizi é um grande indicador de que a doença está evoluindo já que encontra a condição perfeita: planta viva e clima. “Estamos acompanhando o comportamento da soja guaxa há meses e por isso o produtor está tendo informações privilegiadas sobre o que ocorre fora da porteira e pode se antecipar à doença com pulverizações ainda na lavoura precoce”. Nas duas últimas semanas, Dias Guerra esteve em importantes produtores do sul e do norte do Estado reavaliando a situação já catalogada em visitas anteriores e na semana que vem segue para o oeste, por exemplo, Sapezal, Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis, “e tenho certeza de que lá haverá registro da doença em planta guaxa”.
MÉDIO NORTE - Lavouras do médio norte do Estado – região que sozinha concentra 40% da produção de soja –, pelo perfil de plantio precoce, estão em estágio mais avançado de desenvolvimento e por isso merecem cuidados e monitoramento redobrado. “Além da importância da região para o saldo mato-grossense da produção de soja, as plantas são mais antigas em relação ao resto que está semeado no Estado e qualquer ataque mais severo da doença comprometerá o rendimento dos grãos e em casos mais adversos, como a desfolha precoce da planta, impedir a formações de vagens e consequente, de grãos, levando à perda total pela má-formação”.
Dias Guerra frisa que outros focos no médio norte, como em Sorriso – município que destina a maior área plantada à soja no mundo, mais de 630 mil hectares – podem existir e que por isso o produtor deve realizar uma pulverização de fungicida ainda na lavoura precoce. “Temos um quadro muito negativo e preocupante no Estado. As lavouras precoces geralmente são semeadas e colhidas sem nenhum trato preventivo contra a ferrugem. Mesmo instalado, o fungo pode não comprometer o rendimento da soja precoce, mas ele fica ali vivo e ataca de forma voraz as lavouras mais tardias. Temos histórico de que a precoce é a responsável pela disseminação da doença”. O coordenador faz um apelo para que produtores que saibam de vizinhos que mantêm a prática de não pulverizar a lavoura precoce que façam denúncia à Comissão para que medidas sejam adotadas, inclusive notificação do Ministério da Agricultura. “A denúncia estará resguardada sob absoluto sigilo e o par desse produtor poderá até ser processado para indenizar seus vizinhos. O contato pode ser feito via o email wanderlei.dias@agricultura.gov.br”.
TREINAMENTO – Ontem, Dias Guerra treinou técnicos que irão atuar na análise e identificação dos casos de ferrugem em todas as regiões do Estado. “Estamos reforçando o atendimento ao produtor. Se houver dúvida sobre a existência ou não dos fungos, contate uma assistência técnica e se a dúvida persistir, encaminhe amostras aos núcleos da Aprosoja/MT que a entidade fará chegar até a mim essas amostras”. PLANTIO – Conforme levantamento divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 93,9% da área estimada em 7,89 milhões de hectares estava semeado até o dia 15. A região médio norte tinha 99,5% da área de 3 milhões de ha semeada e com sete dos seus dez mais importantes municípios produtores com o plantio encerrado, como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Ipiranga do Norte, Sinop, Santa Rita do Trivelato, Nova Ubiratã e Vera.
Fonte: Diário de Cuiabá
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