segunda-feira, 22 de outubro de 2012

BC não vê inflação de 4,5% nem com tarifa de energia menor



O Banco Central informou ontem que o corte adicional dos juros, feito na semana passada, ocorreu para garantir a retomada da economia, diante da debilidade do cenário externo, mas reconheceu que a inflação ficará acima da meta mesmo com a redução dos preços da energia.

Na ata da reunião, divulgada ontem, o BC informou que a maioria dos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) argumentou que restam "incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade", devido à perspectiva de que a economia global possa levar mais tempo para se recuperar do que se previa anteriormente.

Para analistas, o BC indicou que os cortes chegaram ao fim ao se referir à redução da semana passada como "último ajuste nas condições monetárias".

O Copom cortou a taxa básica de juros de 7,5% para 7,25% ao ano. Isso é um estímulo adicional ao crescimento da economia.

Mas, apesar de ter optado pela redução, o BC reconheceu ontem que as estimativas para a inflação, tanto neste ano como em 2013, estão acima da meta fixada pelo governo (4,5%). E não indicam retorno ao alvo nem com a redução das tarifas de energia.

Segundo o BC, a previsão de alta dos preços administrados (grupo em que estão as tarifas de energia) recuou pela metade com a revisão das concessões do setor elétrico. Mesmo com essa ajuda, a inflação esperada para 2013 está acima da meta.

Na ata, o BC não informa sua estimativa, mas as previsões de inflação para 2013 de analistas estão em 5,42%.

Mesmo diante desse cenário, o BC repetiu ontem a afirmação de que "a inflação acumulada em 12 meses tende a se deslocar na direção da trajetória de metas, ainda que de forma não linear".

Na visão de analistas, isso significa que o BC pode ter alongado o prazo para atingir a meta, em razão da crise externa.

Divisão no Copom

Além dos cenários para inflação e juros, analistas esperavam mais detalhes sobre a divisão de opiniões ocorrida na reunião do Copom.

De 8 diretores do comitê, 3 votaram contra o corte dos juros.

A ata registrou que o grupo contrário à redução, do qual faz parte o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo (responsável pelo cumprimento da meta de inflação), argumentou que eventuais "pressões de demanda e de custos poderão incidir sobre a inflação".

O grupo alegou que os impulsos já dados -redução dos juros desde o ano passado, desonerações de impostos e estímulos ao crédito -reanimarão a atividade.

Já o grupo majoritário, do qual faz parte do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, enfatizou a fragilidade da economia global e os possíveis efeitos sobre o ritmo de retomada da atividade no Brasil.

Além disso, avaliou que a aceleração da inflação ocorre devido ao aumento dos alimentos e que tende a se reverter.



Fonte: Folha de S. Paulo

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