quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Setor sucroalcooleiro se reúne após declarações da Petrobras



Representantes do setor sucroalcooleiro têm encontro marcado, na sexta-feira (17) , em nome da Comissão Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Etanol, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A reunião vem na semana seguinte ao anúncio da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster (Graça Foster), de que o álcool deve ser um alívio às importações de gasolina em 2013.

O derivado da cana poderia aliviar o déficit da gasolina, provocado pelo descompasso entre preço de importação e preço final, sendo ofertado em forma hidratada ou como anidro (o que se acrescenta ao combustível fóssil - o governo gostaria de aumentar essa dose de 20% para 25%).

O setor, porém, carece de oferta de etanol e tende a processar açúcar (mais rentável), em lugar do biocombustível, tornando a demanda da Petrobras uma provável ameaça aos gastos do brasileiro com abastecimento no ano que vem, segundo especialistas.

"Não há condição de aumentar a produção nesta safra. [Mais demanda] provocaria uma pressão muito forte sobre o preço", diz o diretor da consultoria JOB, Júlio Maria Borges, que espera uma supersafra - 10% maior do que a atual - em 2013.

Considerando que haja mesmo aumento de oferta no ano que vem, o especialista José Eduardo Balian pondera que a opção dos usineiros não deve ser pelo álcool. "O preço do açúcar está muito bom no mercado internacional", diz o professor, que leciona Economia na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Conforme publicado pelo DCI na semana passada, empresários do setor projetam que um ajuste de oferta de etanol deverá vir somente entre 2015 e 2016.

"A política de produção e compra de álcool da Petrobras, a médio e longo prazo, não tem mostrado planejamento. Como a produção é inconstante, falta produto e o preço sobe", critica Balian.

O clamor

Como o preço da gasolina é artificialmente fixado pela Petrobras no Brasil, devido a uma orientação anti-inflacionista do governo federal, os representantes do setor sucroalcooleiro clamam por condições que deem competitividade ao álcool.

O litro de etanol anidro custava R$ 2,54 em abril de 2011, quando se iniciou a safra de cana e o produto tinha presença de 25% na gasolina, e caiu para R$ 1,30 um ano depois, com a determinação oficial de que a mistura não ultrapassasse 20%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Ecdonomia Aplicada (Cepea).

"Essa política de aumentar e diminuir [o nível de álcool na gasolina] desestimula investidores", afirma a pesquisadora, do mesmo instituto, Miriam Bacchi, que vê na redução de custos de produção uma maneira de o etanol competir com a gasolina.

"No curtíssimo prazo, a única saída é a redução de tributos", diz, "se o governo optar pelo uso do etanol, não pode ficar só no papel. Precisa-se de incentivo".

Coadjuvação

Borges, da JOB, considera que a situação atual, em que a gasolina importada é mais cara do que a vendida na bomba, justifica o posicionamento do governe em relação ao etanol. Ele vê o biocombustível como complemento, não como substituto do derivado de petróleo.

"Não consigo ver o etanol diferente disso. A capacidade de atender o mercado é muito menor do que a da gasolina. O álcool é um coadjuvante, mas candidato ao Oscar", ilustra o consultor.

Segundo ele, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) deve restringir demandas da Petrobras.




Fonte: DCI

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