quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Explicando o inexplicável



Ao explicar tentar explicar os motivos que levaram a Petrobras a registrar seu primeiro prejuízo dos últimos 13 anos, a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, acabou esbarrando numa questão delicada: a necessidade de aumento dos combustíveis e, principalmente, a ajuda do etanol para tentar diminuir a necessidade de importações de gasolina. Claro que importar gasolina e não conseguir repassar os custos ao preço do produto derruba qualquer margem de lucro de uma empresa. Mais ainda quando o barril do petróleo continua beirando os US$ 100 no mercado internacional.


Mas achar que hoje o etanol pode liberar o País da importação já é exagero, porque qualquer aumento da mistura de etanol na gasolina é considerado totalmente improvável neste ano devido à baixa oferta do biocombustível no mercado brasileiro. O próprio diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, Allan Kardec, admitiu que qualquer mudança só teria espaço no ano que vem, considerando uma expectativa de produção maior de cana-de-açúcar. Segundo ele, não há como elevar imediatamente a produção, até porque estamos no final da safra. Mas ele garante que a perspectiva para 2013 é boa.

Na verdade, o centro-sul processou, até meados de julho, 170 milhões de toneladas de cana, de um total previsto para a temporada 2012/2013 de cerca de 510 milhões de toneladas, segundo dados da indústria.

Atualmente, a mistura de etanol na gasolina está em 20%, porque diante da queda da safra de cana passada não havia condições de se manter em 25%. Nesta temporada, os estoques dos produtos continuam restritos, uma vez que a safra está tendo um início mais lento e que houve chuvas atípicas que afetaram a moagem do centro-sul em junho.

Mas o certo é que nunca se consumiu tanta gasolina como agora. O crescimento do consumo no Brasil entre 2000 e 2011 foi de mais de 40%: vinte pontos percentuais acima da média mundial. Este número reflete diretamente os seguidos recordes batidos pela indústria automobilística em vendas e os consecutivos e abençoados incentivos dados pelo próprio governo, como a redução de IPI para os carros nacionais. O certo é que as contas não vão fechar tão cedo, o que vai continuar levando as autoridades e a presidente da Petrobras a tentar explicar o que é inexplicável.

Fonte: DCI

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