terça-feira, 14 de agosto de 2012
Defensivos agrícolas ilegais
Um assunto que preocupa a indústria de defensivos agrícolas, a Receita federal, a Polícia Federal e os agricultores honestos é contrabando e falsificação, até pouco tempo um tema desconhecido da maioria da população. Mas a prática ilegal cresceu tanto que começa a aparecer nos noticiários. As polícias brasileiras, as autoridades fronteiriças e a Receita tiraram de circulação em torno de 500 toneladas de produtos ilegais desde 2002, quando o combate foi intensificado. É um crime que prejudica a indústria, a arrecadação de impostos e os próprios produtores, pois tais produtos não contêm os princípios ativos necessários ao combate às pragas e, ao contrário, muitas vezes, têm elementos que destroem as lavouras. Se isso acontece, e o produto foi ilegalmente adquirido, o agricultor não tem a quem se queixar. E, se fizer a reclamação para quem lhe vendeu, pode ser morto.
Defensivos II
As informações são de Fernando Marini, gerente de produtos do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, que nos falou sobre a entrada ilegal de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas não registrados no País, vindos, principalmente, através do Uruguai e do Paraguai. Somente de janeiro a julho de 2012, foram apreendidas 10 toneladas em operações realizadas no Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. A tonelagem, à primeira vista, parece pequena, mas o leitor tem de atentar que apenas gramas destes produtos são necessários numa lavoura. Nos últimos 10 anos, quase mil pessoas foram detidas, houve 50 condenações judiciais em caráter definitivo.
Defensivos III
O negócio é tão bom que foi adotado pelo crime organizado. Há produtos que custam R$ 4.600,00 o quilo ou R$ 600,00 o litro. A produção é feita, geralmente, na China e na Índia, mas, no caso das falsificações, já foram descobertas “fábricas” no Brasil, no Uruguai e no Paraguai. Uma das maiores operações de fiscalização e apreensão foi feita em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, com o uso até de dois helicópteros pela polícia. Em Alegrete, um agricultor pego aplicando produto ilegal, levou multa de R$ 4,2 milhões, ficou sem crédito oficial e a Justiça está analisando se manda destruir ou não sua lavoura. Foi apreendido um avião Ipanema. Em São Borja, na Operação Boqueirão, foi preso o maior contrabandista de defensivos agrícolas.
Defensivos IV
Produtos contrabandeados do Uruguai foram encontrados dentro de caixões de defunto trazidos por uma funerária. Em Santana do Livramento, uma ambulância foi apreendida com o produto sobre as macas de transportar doentes, verdadeiro crime hediondo, porque o paciente poderia ser intoxicado. Outras apreensões foram feitas em caminhões que transportavam arroz, podendo contaminar o alimento. Na Grande Porto Alegre, uma “indústria” usava embalagens de produtos de limpeza para acondicionar o defensivo agrícola falsificado. Como diz Marini, “quem abre a porteira para agrotóxico ilegal está convidando o bandido a entrar”, pois o contrabando e a falsificação se transformaram em empresa de logística, ponto de fortalecimento financeiro do crime organizado.
Fonte: Jornal do Comercio
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