sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Caro demais para carros flex, etanol perde 30% das vendas em 12 meses




Prejudicado pela falta de investimentos na ampliação de canaviais e por uma política energética que foi deixada de lado, o etanol completou um ano como a opção menos atraente para os carros flex no Paraná. A última vez que foi mais vantajoso abastecer com o biocombustível foi em junho de 2011, quando seu preço médio no estado ao longo do mês representava 66% do preço da gasolina. Desde então, em nenhum mês a relação entre os dois combustíveis esteve abaixo dos 70%. O etanol, em média, rende 30% menos que a gasolina e por isso o calculo deve ser feito para identificar com o que o tanque do carro deve ser abastecido.

No últimos doze meses, a gasolina foi vendida, em média, a R$ 2,67 nos postos do estado. No mesmo período, álcool foi comercializado a R$ 1,97, o que equivale a 73% do preço do derivado do petróleo, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Incapaz de competir com a gasolina, o etanol caiu em desuso nos postos. Na comparação entre os cinco primeiros meses de 2011 e 2012, a distribuição do combustível aos postos do Paraná caiu 31%. De janeiro a maio do ano passado, foram vendidos 371 milhões de litros de álcool e no mesmo período deste ano as vendas do combustível somaram 256 milhões de litros.

Neste período, o combustível de cana representou apenas 25% das vendas enquanto a gasolina abasteceu 75% dos carros do estado. No mesmo período em 2011, o álcool representava 34% e a gasolina, 66%.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o etanol produzido a partir dacana-de-açúcar era visto como um potencial agente de desenvolvimento econômico para o Brasil, mas a política de congelamento dos preços da gasolina limou os planos de mudança da matriz energética. "A ausência de reajustes no preço final da gasolina nos últimos nove anos fez com que oetanol perdesse competitividade, prejudicando a capacidade de investimento do setor", afirma Pires.

Oclandio José Sprenger, proprietário do Autoposto Sprenger, no Pinheirinho, e presidente do conselho fiscal do Sindicombustíveis, explica que as margens de lucro dos postos com a venda de etanol são muito pequenas e que os postos trabalham no limite do preço.


Crescimento no consumo

De acordo com o diretor do CBIE, o aumento no consumo de combustíveis obriga a retomada doetanol ou então novos investimentos para que a capacidade de refino de petróleo no Brasil aumente. "O etanol terá de ser ressuscitado. O país não comporta um aumento de 20% ao ano no crescimento do consumo da gasolina", explica.

A Petrobrás, absorvendo a alta dos preços, perde a capacidade de investimento e expansão na produção de gasolina. "A demanda aumenta, mas vemos que a capacidade de aumentar a produção não cresce na mesma proporção", completa Sprenger.


Importação de gasolina já subiu mais de 300% neste ano

O Brasil nunca importou tanto combustível como agora. Sem etanol suficiente, produção de gasolina estagnada e consumo em alta, o país foi obrigado a elevar as compras externas para evitar um colapso no mercado doméstico. Só neste ano, até maio, o volume de gasolina importada cresceu 315%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

As operações custaram cerca de US$ 1,4 bilhão. O valor representa 83% dos gastos realizados em todo o ano de 2011, quando as importações já haviam crescido 332%. Por enquanto, não há expectativa de mudança no cenário. Pelo contrário. O ritmo de importação deve continuar em alta, pelo menos, até o ano que vem.

A solução do problema, porém, deve demorar a chegar, e depende de uma série de fatores, como a entrada em operação das refinarias da Petrobrás e a definição sobre o papel do etanol na matriz energética brasileira.

No ano passado, o consumo da gasolina no Brasil subiu em média 19% em relação a 2010. Neste ano, o uso da gasolina já subiu 11%.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, destacou que o consumo de outros combustíveis também cresceu e exigiu volume maior de importação. O consumo de diesel subiu 37% este ano por causa do agronegócio - que sustenta a balança comercial brasileira - e pela expansão da construção civil. Com o aumento de passageiros viajando de avião, o uso da querosene de aviação avançou 17,5%. "Estamos importando cada vez mais todos os tipos de combustível", criticou o diretor do CBIE.

Pedro Brodbeck
Fonte: Jornal de Londrina

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