quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Agronegócio demanda planejamento estratégico



Representantes do setor produtivo se reuniram durante 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio para debater a segurança alimentar e energética do País; Brasil precisa dobrar a produção de cana-de-açúcar até a safra 2020/21 para conseguir atender a demanda por etanol

São Paulo - A falta de planejamento político para o agronegócio brasileiro norteou as discussões em todos os painéis e palestras do 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado em São Paulo. Questões como a falta de infraestrutura e o elevado ''custo Brasil'' também foram recorrentes durante o evento, que teve como tema principal a discussão sobre alimentos e energias, considerados pontos cruciais da segurança global.

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) - entidade promotora do congresso -, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou que o impacto gerado pelo aumento dos preços das commodities nas demais cadeias produtivas é reflexo do crescimento da demanda mundial por alimentos e energia. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), até 2019, a produção brasileira precisa crescer 40% para atender essa demanda. No entanto, na opinião unânime dos palestrantes, a insegurança jurídica para o agronegócio, incluindo a produção de alimentos, energia e preservação ambiental, é um empecilho para desenvolvimento da produção nacional.

Apesar de o aumento na produtividade do agronegócio ser considerado o principal responsável pela evolução da economia nacional, o diretor da Abag, Marcello Brito, argumenta que somente a tecnologia não será capaz de manter o ritmo de crescimento necessário para que o Brasil alcance a produção futura esperada. ''Estamos mascarando o problema com a alta produtividade, mas esse crescimento não será o mesmo a partir de agora. Não dá para crescer só com tecnologia, é preciso organização e estruturação'', argumenta Brito.

O presidente da Abag ressaltou que a logística nacional sofre de um grave apagão e é o calcanhar de Aquiles da produção brasileira. Apesar do custo menor para a aquisição de crédito no País, Carvalho argumenta que ainda é preciso mais para suprir as dificuldades de financiamento enfrentadas pelos produtores. ''Não vejo com clareza qual o grande plano que o Brasil tem para o futuro do agronegócio nacional. O discurso do governo destaca a importância do setor, mas na prática não se vê a prioridade sendo aplicada'', critica.

Com os preços recordes da soja este ano, a projeção para a próxima safra é de incremento da área cultivada com a oleaginosa no País. ''No evento do próximo ano provavelmente estaremos aqui falando dos problemas de falta de logística, que deve ser entrave para escoamento da provável maior safra da história. Estamos indo na direção certa, mas na velocidade errada'', comenta Carvalho.

Na avaliação do presidente do Conselho da The Nature Conservancy (TNC), Werner Grau Neto, é preciso estímulo e integração entre governo e demais representantes da cadeia produtiva. ''O gargalo principal é a falta de definição do papel do Estado, com a elaboração de uma política governamental de diretrizes e um marco regulatório.'' Para Ivan Wedekin, diretor de Commodities da BM&FBovespa, o grande vetor do crescimento será o mercado e é necessário o casamento entre o mercado agrícola e o mercado financeiro para possibilitar oxigenação no crédito e o avanço na organização dos produtores.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, argumentou que está trabalhando para atender a demanda do setor produtivo por infraestrutura e defendeu a proposta de transformar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Conabrás, ampliando a estrutura do órgão. Ribeiro Filho também espera que o País amplie as áreas livres de febre aftosa com vacinação e que alguns estados conquistem o status de livre da doença sem vacinação. O ministro reafirmou que o Brasil tem condições de atender a demanda mundial por energia e alimentos, em função da natureza, tecnologia e da ação dos produtores.





Fonte: Folha Online

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