Safra de cana deve crescer 3,19%, mas produção de etanol avançará 4,58%

A produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil deve ter uma ligeira alta em 2012, mas a produtividade continuará bem abaixo da média histórica, divulgou nesta quinta-feira (12) a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

A safra da região deve atingir 509 milhões de toneladas de cana, 3,19% acima das 493,3 milhões de toneladas do ano passado, mas bem abaixo das 556,9 milhões de toneladas de 2010. O ano de 2011 foi a pior safra em 24 anos, segundo a entidade.

Problemas climáticos afetaram a cana nas duas últimas safras, e voltaram a gerar perdas no início deste ano, por conta da seca fora de época. Em 2011, a produtividade sofreu uma queda de 18% sobre 2010, por conta do clima e do envelhecimento dos canaviais, que não foram devidamente reformados por falta de capital.

"Esperamos uma produtividade estável em relação a 2011, com cerca de 70 toneladas de cana por hectare", disse o gerente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Luiz Antônio Dias Paes, responsável pelo levantamento das informações.

Com a produtividade estagnada em um patamar baixo, só contribuirão para o crescimento da produção o aumento de 3% na área plantada, principalmente nos Estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.

A renovação dos canaviais está se acelerando fortemente, mas a idade média das lavouras ainda chega perto de 3,5 anos, nível superado apenas em 2011 e na forte crise do setor no ano 2000. Em geral, a cana é colhida cinco vezes antes de ser substituída por novas plantas, mas vai perdendo produtividade corte após corte.

Sem capital de giro, muitos grupos de usinas deixaram de replantar seus canaviais velhos nos últimos anos, o que puxou a produtividade para baixo. "O nível de renovação deve chegar perto de 20% das lavouras neste ano, até um pouco acima da média histórica, mas a idade média dos canaviais vai continuar alta", explica Paes.


Abastecimento e mercado

Apesar da timidez do crescimento da produção, o mercado de etanol começa a safra com um cenário bem mais confortável. "O governo pediu para o setor cuidar da questão do abastecimento em 2011, e foi isso que fizemos", disse o presidente da Unica, Marcos Jank. A nova safra começa com 1,793 bilhão de litros de etanol em estoque, bem acima dos 745 milhões de litros de 1º de abril de 2011.

A Unica prevê que a produção total de etanol cresça 4,58% no Centro-Sul, para 21,486 bilhões de litros. Por causa da redução da mistura de etanol anidro na gasolina (de 25% para 20%), a produção deste tipo de álcool deverá cair 6,91%, para 6,95 bilhões de litros. Já a produção de hidratado, oetanol que abastece os carros flex, deve crescer 11,14%, para 14,536 bilhões de litros.

Já a produção de açúcar deve crescer 5,72%, para 33,1 milhões de toneladas, por conta do aumento da oferta de cana e do funcionamento de novas fábricas de açúcar em usinas que só produziametanol. "O açúcar não causou queda na produção de etanol; muito pelo contrário, o açúcar foi a salvação da rentabilidade", disse Jank. Segundo ele, o principal desafio do setor é ampliar a produção de cana.

Com a expansão na produção, a disponibilidade de açúcar para a exportação seria de 24 milhões de toneladas, 8,5% acima do volume exportado na safra passada, de 22,119 milhões de toneladas.

As projeções de crescimento no açúcar e no etanol superam a previsão de aumento na safra decana, porque a Unica espera que o teor de sacarose por tonelada de cana tenha uma leve recuperação de 1,79%. Com isso, o rendimento industrial da tonelada de cana aumenta.

FOnte: Cenário MT