quarta-feira, 25 de abril de 2012
Mecanização muda empregos no setor canavieiro
O avanço da mecanização na colheita da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo trouxe uma queda de 29% no número de postos de trabalhadores não qualificados, uma alta de 25% no de empregos qualificados no setor canavieiro e inverteu o perfil de qualificação da mão de obra do setor, entre 2007 e 2011. É o que aponta um estudo do Departamento de Economia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV/Unesp), em Jaboticabal (SP), feito a partir de dados do Ministério do Trabalho.
Os dados, obtidos pela reportagem, mostram que o número médio de postos ocupados por trabalhadores canavieiros, basicamente cortadores de cana, caiu de 178.194 em 2007 - ano em que governo paulista e usineiros assinaram um pacto para o fim da queima da palha e da colheita manual - para 126.538 em 2011. Os 51.656 postos de trabalho suprimidos fizeram com que a participação desses trabalhadores não qualificados no total de empregados do setor caísse de 56,39% para 42,35% no período avaliado.
Ao mesmo tempo, o número de postos de trabalho ocupados por empregados mais qualificados, a maioria nos setores produtivo e administrativo da indústria de açúcar e etanol, cresceu em 34.454, de 137.793 para 172.247. A participação dessa categoria de trabalhadores no total saiu de 43,61% para 57,65%. Segundo o professor da Unesp e coordenador do estudo, José Giacomo Baccarin, a inversão no perfil profissional do setor ""ocorre basicamente devido ao avanço da colheita mecânica, pela qualificação da mão de obra na indústria e ainda, um pouco pela mecanização do plantio"".
A reversão no perfil de qualificação da mão de obra, não significa, no entanto, que os empregados não qualificados ocuparam os novos postos de empregos qualificados. Apenas uma minoria desses não qualificados é mantida em outros postos na indústria canavieira. Segundo o professor, um recente estudo feito pela FCAV/Unesp em prefeituras de 27 municípios da região de Ribeirão Preto aponta que o avanço da mecanização e a supressão de postos de trabalho de cortadores não trouxeram problemas sociais. "Constatamos que a construção civil absorveu muitos desses cortadores menos qualificados e que havia algumas iniciativas de qualificação pelas prefeituras e pelas usinas", disse o professor. Na avaliação de Baccarin, entre 20 mil e 30 mil postos de trabalho não qualificados ainda deverão ser cortados até 2017, quando a colheita da cana em São Paulo deverá ser 100% mecanizada.
Recuo
O estudo da Unesp apontou ainda que o número total de empregados no setor canavieiro em São Paulo recuou 5,44% entre 2007 e 2011, de 315.987 para 298.785, um corte de 17.202 postos de trabalho. Somente entre 2010 e 2011, foram fechados 11.628 postos no total do setor, o que retrata a crise pontual na indústria sucroalcooleira, com a quebra na safra 2011/2012, na avaliação de Baccarin.
Entre 2007 e 2010, o nível de empregos qualificados no setor cresceu, respectivamente, 8,8%, 4,75% e 8,42%. Entre 2010 e 2011, com a crise na indústria, houve um aumento de apenas 1,16%.
Durante anos, o setor de açúcar e álcool tem sido um dos principais - quando não o principal - criador de vagas no Estado. Mas a mudança do perfil do emprego e as dificuldades do setorsucroalcooleiro vem tendo reflexos na geração de empregos no Estado.
Dados mais recentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostram que, nos primeiros três meses deste ano, a geração de postos no setor em São Paulo cresceu 10,8% em relação ao saldo de empregos de dezembro de 2011, mas, nos demais setores da indústria de transformação do Estado, houve uma baixa de 0,6%. No período, a indústria de cana e açúcar criou 13.739 postos de trabalho, enquanto os demais setores fecharam a mesma quantidade de vagas.
Mesmo tendo aberto mais vagas do que outros setores industriais, as lavouras de cana-de-açúcar já contribuíram mais para o emprego industrial. No primeiro trimestre de 2011, a expansão de vagas foi de 17,2%, e, nos três primeiros meses de 2010, chegou a 31,6%. Segundo levantamento da entidade, a fatia de janeiro a março deste ano é a menor já registrada para o período desde 2007, quando esse cálculo começou a ser feito e quando começou a mecanização da lavoura.
Fonte: Cruzeiro do Su
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