segunda-feira, 30 de abril de 2012

Incerteza ronda safra da Santa Terezinha




A paranaense Santa Terezinha, quinto maior grupo sucroalcooleiro do país com faturamento de R$ 1,9 bilhão em 2011, ainda não sabe se conseguirá repetir em 2012 a moagem decana-de-açúcar registrada no ano passado, que atingiu 14,4 milhões de toneladas. A expectativa inicial da empresa era de processar pelo menos 16,5 milhões de toneladas neste ciclo, iniciado em abril, mas a falta de chuvas no verão minou a produtividade de seus canaviais.

"Nossas áreas de cana sofreram com déficit hídrico não só em dezembro, mas também em janeiro, fevereiro e março", lamenta Paulo Meneguetti, diretor da Santa Terezinha.

A primeira providência tomada pelo grupo foi adiar, em média, em três semanas o início da safra em suas oito usinas paranaenses. O executivo detalha que a previsão inicial era que a primeira unidade começasse a moer em meados de março e a última, em 1º de abril. Mas a primeira usina a começar a safra o fez em 7 de abril.

"A condição do canavial não era favorável, nem em tamanho e nem em maturação. Se começássemos no período normal, o impacto na produtividade seria muito mais negativo", disse o executivo.

No ciclo 2011/12, finalizado em março, o grupo Santa Terezinha processou 14,4 milhões de toneladas de cana, produziu 1,360 milhão de toneladas de açúcar bruto e 433 milhões de litros de etanol. "Estamos até agora com 5% da cana colhida. Não temos ainda ideia do que conseguiremos realizar. A única certeza é que não repetiremos a safra anterior", afirma Meneguetti.

A empresa, como grande parte do setor sucroalcooleiro, realizou um grande plantio de cana no ciclo 2011/12 - 61 mil hectares, ante os 38 mil hectares de 2010/11. "Mas por conta da estiagem, tivemos que replantar 800 hectares entre fevereiro e março", lembra.

De qualquer forma, diz ele, apesar das perspectivas de outra safra ruim em termos de volume, os preços fixados para o açúcar que será produzido no ano devem trazer rentabilidade bem semelhante à registrada no ciclo passado. "Estamos bem posicionados em hedge de produto e de câmbio", garante.

No ciclo 2011/12, a empresa teve lucro líquido de R$ 313 milhões, 12,5% maior do que na safra anterior. O lucro operacional medido pelo Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 18,5% para R$ 781 milhões. Por causa da quebra de safra no ano passado, a margem Ebitda retraiu-se 3,5 pontos percentuais, para 42%.

Neste ano, a empresa decidiu também concluir o projeto da usina Rio Paraná, localizada no município de Eldorado (MS). O "greenfield" (usina nova) ainda incompleto foi adquirido pela Santa Terezinha em 2009 junto com a usina Usaciga, localizada no Paraná. Ambas pertenciam à Agrocana Participações Ltda.

A Santa Terezinha tentou vender o projeto inacabado, pois não tinha interesse em estender suas operações para fora do Estado do Paraná, onde já detém logística consolidada para exportação deaçúcar. Mas não encontrou compradores que quisessem pagar o preço pedido pelo ativo, que estava 70% concluído.

Sem mencionar valores, ele afirma que está investindo nos canaviais da unidade sul-mato-grossense e planeja, somente em 2012, plantar 2,2 mil hectares de viveiros. A ideia é multiplicar canaviais de forma a atingir em 2014/15 volume de 1 milhão de toneladas de cana e, finalmente, ligar os motores da usina. A indústria ainda demanda montagem de caldeiras e de aparelhos da destilaria.

Algumas obras civis também devem ser feitas nos próximos meses, segundo o executivo. No último ciclo, os canaviais de Mato Grosso do Sul renderam cerca de 600 mil toneladas da matéria-prima que foram vendidas para uma usina vizinha. "Em 2014/15, a unidade terá capacidade industrial para moer 2,5 milhões de toneladas de cana."

Ele não soube estimar quanto de investimento será necessário para concluir o projeto, mas afirma que a empresa buscará enquadrar a operação financeira, ou via BNDES ou FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste).


Fonte: Valor Econômico

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