segunda-feira, 26 de março de 2012

Mercado de Açúcar: COLCHA DE RETALHOS



O mercado de açúcar fechou a semana com pequena alta nos três primeiros meses de vencimento. O maio/2012 encerrou cotado a 25,63 centavos de dólar por libra-peso, 22 pontos melhor do que a sexta anterior; julho e outubro também subiram 23 e 13 pontos respectivamente. Os demais meses da tela fecharam em quedas de até 6 dólares por tonelada. O spread outubro/março que fechara a semana anterior a 60 pontos apreciou 15 pontos nesta semana. Pode ser uma boa aposta, pois se a situação da safra de cana no Centro Sul realmente exacerbar-se, não tem como esse spread permanecer no custo e carrego. Comparativamente ao final de 2011, o maio já apreciou 11,7%, todos os demais meses de vencimento subiram desde 31 de dezembro. O mercado físico continua se arrastando.

Comenta-se no mercado que algumas usinas estariam pedindo postergação nos contratos de açúcar para entrega em maio, para mais adiante, ou mesmo wash-out (situação em que um contrato comercial é cancelado com liquidação financeira entre as partes), por receio de não conseguirem produzir o suficiente para o inicio de safra. Veremos.

Mais e mais executivos do setor creem numa safra de cana bem abaixo dos números que andaram circulando pelo mercado. O consenso começa a apontar para 510 milhões de toneladas para baixo e questiono se isso já está apreçado pelo mercado. Um deles observa que “a abordagem baixista está diminuindo enquanto outros negociadores reavaliam suas posições sobre a direção que o mercado deve tomar e o momento que isso irá ocorrer”. “Normalmente, este tipo de mudança leva muito tempo por causa da resistência [do trader] de admitir que estava errado. Imagine um trader que está fixado abaixo do preço de mercado e que afirmava para o CEO da empresa que o açúcar iria para 20 centavos e agora tem que ir para a reunião semanal com uma história totalmente nova. A maioria dos caras não podem fazer isso porque a insegurança e autoestima ficam no caminho”, dispara ele.

O diretor executivo de uma usina envia um trabalho interessante. Ele esmiuçou os números altos de safra que circulam no mercado e recolocou-os de maneira inteligente de acordo com a idade do canavial, atribuindo produtividades diferentes baseado nesse critério. “Produção de 540 milhões de toneladas não é possível.” O número que ele chegou é de 500 milhões de toneladas.

Em tom jocoso, um decano do açúcar baseado em NY, enquanto o veneno escorria pelo canto de sua boca, dizia esperar “que aquela grande trading que todo mundo sabe o nome dê um tom bastante baixista em seus discursos durante a semana do açúcar em maio em NY, para que o mercado suba com toda a tranquilidade”. Que maldade.

Um analista de uma empresa de commodities sediada na Asia afirmou que o açúcar deverá experimentar um colapso nos preços, a menos que haja algum problema de clima. Tão logo a notícia atingiu as agências noticiosas, o açúcar imediatamente subiu 2%. Vai entender. Tem mais tradings achando que vamos para 20-21 centavos e pronto!

Segundo um especialista do mercado de combustíveis, a diferença entre o preço de importação de gasolina por parte da estatal brasileira do petróleo e o preço de realização (venda líquida que ela faz para as distribuidoras) dá um prejuízo de R$ 500 por metro cubico. Segundo ele, o preço da gasolina hoje, levando em consideração o mercado internacional, deveria ser de R$ 3,60 por litro. A ANP deve, segundo fontes do mercado, voltar aos 25% de mistura de etanol na gasolina para diminuir o prejuízo que a estatal do petróleo está incorrendo com a importação de gasolina.

Nos primeiros três meses da safra do Centro Sul, no ano passado, quando o mercado ainda trabalhava com uma produção de 540 milhões de toneladas, a média de preços em reais por libra-peso foi de 38,89. No trimestre seguinte, a média subiu para 46,72. Usando o dólar de fechamento desta sexta, de 1,8162, isso equivaleria a 21,41 e 25,72 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente. Caro leitor, você acha que a situação hoje é melhor ou pior do que aquele período?

Os bancos de investimento americanos, segundo o Financial Times, ganharam 8 bilhões de dólares negociando commodities. E isso não foi à custa de corretagem, mas de posição proprietária (um circunlóquio romântico usado para evitar a palavra especulação). Pense se existe conflito de interesse quando você escolher seu corretor.

O custo de produção do açúcar apurado pelo modelo da Archer Consulting, considerando o CONSECANA médio da safra e o dólar médio dos últimos 30 dias, está em 36,4936 reais por saca na usina, sem custo financeiro.

Jeremy Austin, da Sucden, foi eleito Presidente do Sugar Club Brasil para o biênio 2012/2013. Paulo Garcia, da Vital Commodities, é seu Vice. Desejamos boa sorte a todos.

Foi com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento, no dia 15 de março, em Maringá, do Diretor Presidente da Sabarálcool, Ricardo Albuquerque Rezende, aos 58 anos. Ricardo foi um dos grandes militantes do setor sucroalcooleiro, tendo sido durante 10 anos presidente da Alcopar - Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná, além de ter participado de inúmeros fóruns nos últimos 30 e poucos anos. Sempre foi uma voz ativa nos assuntos do setor. À família, nossas condolências nesse momento de dor.

Arnaldo Luiz Corrêa


Fonte: Archer Consulting

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