quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alta do petróleo ameaça queda dos juros




A alta nos preços do petróleo tornou-se o novo risco no radar da equipe econômica, que teme efeito negativo sobre a inflação e, por tabela, na política de redução de taxas de juros do Banco Central.

O receio é que a disparada no valor do barril do óleo -que subiu 14% em janeiro e fechou ontem em US$ 124- por conta da crise no Oriente Médio não seja revertida e provoque dois movimentos.

Primeiro, torne obrigatório um aumento no preço dos combustíveis, já reivindicado pela Petrobras. Em entrevista publicada pelo "Estado de S. Paulo" no domingo, a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, afirmou que é questão de lógica haver correção de preços.

Segundo, cause impacto na inflação que leve a uma redução ou interrupção na queda das taxas de juros iniciada pelo BC em 2011.

Na avaliação de um assessor presidencial, mesmo sendo um choque de oferta e não de aumento da demanda, a alta do petróleo pode levar o BC a "reduzir mais lentamente os juros ou até mesmo interromper as quedas" se o quadro se agravar.

O tema já foi debatido no Palácio do Planalto, quando foi destacado que a possibilidade de um novo "choque do petróleo" virou o "grande risco" econômico de 2012.

Em janeiro, o Banco Central reduziu a taxa de juros para 10,5% ao ano e sinalizou que pode cortá-la para um dígito em 2012. Assessores avaliam que a piora no mercado de petróleo, porém, não mudará o cenário para março, quando a expectativa é que o BC reduza os juros para 10%.

O valor do barril já vinha subindo desde os primeiros sinais de recuperação da economia americana, mas acelerou depois que a crise entre Irã e Israel piorou, com analistas prevendo um ataque israelense contra instalações nucleares iranianas.

Na última sexta, o clima no mercado ficou mais tenso depois da divulgação de que o Irã atingiu um nível de produção de urânio enriquecido que deixa o país próximo de fabricar uma bomba atômica.

"Já estão falando no risco de o preço atingir US$ 150 o barril por conta da crise iraniana", afirma o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

Dentro do governo, a avaliação é que pode ser "inevitável e indispensável" elevar o preço da gasolina.

Valdo Cruz
Fonte: Folha de S. Paulo

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