quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uso de tecnologia ainda é baixo no campo


Mais da metade dos estabelecimentos agropecuários do país utiliza baixo conteúdo tecnológico em sua produção, informa estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quase 22% dos entrevistados responderam que usam só sete de 22 métodos de auxílio à produção.

Esses métodos incluem utilização de fertilizantes, corretivos de solo, defensivos, tratores, orientação técnica, financiamento, cooperativismo, controle de pragas, unidades armazenadoras, entre outros exemplos.

Do total de 5,2 milhões de estabelecimentos rurais no país, listados no último Censo Agropecuário do IBGE, apenas 983 mil usavam alta tecnologia, ou seja, mais de nove dos 22 métodos de produção. O estudo, que fez 22 perguntas a produtores e pecuaristas, dividiu as unidades de produção em 4,3 milhões da agricultura familiar e 809 mil da empresarial. Do total familiar, 19% usam alta tecnologia. Na agricultura empresarial, 18% dos estabelecimentos usam mais de nove métodos, o que os classifica como usuários de alta tecnologia.

Além do pouco uso da tecnologia, a pesquisa do Ipea incorporou critérios econômicos para identificar o valor que cada unidade monetária de custo gera de renda bruta. Do total dos 5,2 milhões estabelecimentos rurais, 40% apresentaram renda bruta superior aos custos totais e a maioria, 60%, foi classificada como deficitária em 2006, ano da realização do Censo do IBGE.

O técnico da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, Gesmar Rosa, afirma ser necessário fazer uma análise temporal sobre os dados. "Esses números não querem dizer, obrigatoriamente, que 60% são deficitários sempre. Temos que ter em mente que em determinado ano pode ter havido alguma flutuação de preços ou choques exógenos, como mudanças climáticas, quebra de safra, surgimento de novas pragar, dentre outros", diz.

O Ipea também mediu o nível de concentração da produção no setor agropecuário brasileiro. Menos de 10% dos estabelecimentos agropecuários eram responsáveis, segundo a pesquisa, por 86% do valor bruto da produção. "A maior concentração de estabelecimentos está na faixa de zero a dois salários mínimos mensais. São 3,1 milhões dos 5,2 milhões de estabelecimentos no país. Mas essa alta concentração não se reflete em uma produção maior. Apenas 3,4% da renda bruta total fica por conta deles", afirma Gesmar Rosa.

O trabalho do Ipea identificou que a agricultura empresarial, responsável por 76% da área cultivada no país, gera somente 66% da renda bruta total do setor agrícola. "Esse dado é interessante pois mesmo com mais terra, a agricultura comercial não consegue produzir o equivalente em renda", avalia o técnico do Ipea.
Fonte: Valor Econômico

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