quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tecnologia para concentrar a vinhaça permite que indústria reduza captação



A indústria produtora de equipamentos para usinas tem disponível atualmente tecnologia não apenas para zerar a captação de água em rios, mas para exportar água limpa. Com um tratamento simples, até potável. De acordo com vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da Dedini, José Luiz Olivério, a "usina autossuficiente" permite a produção de um volume de 340 litros de água por tonelada de cana, sem a necessidade de nenhuma captação.

A tecnologia, batizada de Biofom, tem como base a concentração das partículas sólidas da vinhaça - subproduto da produção de etanol, rico em potássio usado em fertirrigação de canaviais. A vinhaça, explica Olivério, normalmente tem 3% de partículas sólidas. Com essa tecnologia, esse percentual fica em 65% e, assim, mais água é obtida do processo.

"Essa usina deixa a vinhaça com apenas 5% de água. Com isso, consegue-se exportar água e produzir uma concentrado de potássio", explica. A formulação do fertilizante final, com características semelhantes ao fertilizante mineral, pode ser feita na própria usina, adicionando-se torta de filtro (outro resíduo da usina), cinza e fuligem da caldeira, além de outros componentes que o solo da usina necessita. "Com a economia de uso de água e de fertilizante, esse último em 70%, a tecnologia tem condições de oferecer o retorno do investimento em três safras".

Esse processo, diz Olivério, é chamado o "estado da arte" da otimização de todos os subprodutos da cana-de-açúcar. Mas outras adaptações podem ser feitas em equipamentos para melhorar a eficiência da produção. Entre elas, está o uso de processos de lavagem da cana a seco e condensadores de vapor para reciclagem de água.

A Raízen, joint venture entre a Cosan e a Shell, iniciou um projeto para reduzir a captação média de suas usinas dos atuais 1 m3 por tonelada de cana processada por hora para 0,3 m3.

Esse projeto, também baseado na concentração da vinhaça, está sendo desenvolvido inicialmente na usina Costa Pinto, de Piracicaba, a mais antiga do grupo, e que, juntamente com outras quatro unidades da empresa já está inserida no sistema de cobrança pelo uso da água na bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

A ideia é aumentar a concentração do potássio na vinhaça, dos atuais 3% para 20%. "Isso significa que em vez de produzir 10 litros de vinhaça a 3% de potássio, vamos fazer 1 litro com 20% de potássio", diz Antônio Stuchi, diretor industrial da Raízen. Ele espera que esse indicador seja alcançado em dois a três anos na Costa Pinto. "Metade da produção de vinhaça dessa unidade já atingiu essa meta".

Outro projeto de concentração da vinhaça está sendo preparado para a usina Jataí, de Goiás, mas ainda não há cronograma definido de implantação. "Estamos testando a viabilidade tecnológica e econômica desses projetos", afirma. (FB)




Fonte: Valor Econômico

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