quarta-feira, 5 de junho de 2013

O governo piorou a crise




O controle de preço da gasolina para deter a inflação deixou o etanol à mercê da política e afugentou os investidores.

O inferno astral do setor de etanol tem muitas razões. A crise financeira internacional cortou o crédito das usinas no momento em que estavam endividadas e comprometidas com fusões e expansões. O preço do petróleo caiu e a promessa de aumento das exportações do etanol para substituir o combustível fóssil não vingou.

Problemas climáticos comprometeram a produção de cana. O tempo, a mão natureza e as leis de mercado cuidariam de resolver questões como essas. Mas o que realmente jogou o setor de joelhos foi a política. Ao assumir a Presidência, Dilma Rousseff decidiu segurar o preço da gasolina e, assim, combater a inflação. A estratégia corroeu os resultados da Petrobras e, de quebra, tirou a competitividade do etanol. Hoje, só 20% dos veículos são abastecidos com álcool.

No fim de abril, o governo anunciou um pacote de ajuda ao setor, com a redução de tributos e a criação de novas linhas de financiamento. A Única, entidade que congrega as usinas, emitiu uma nota agradecendo a iniciativa, mas reivindicou ações de longo prazo.

Segundo um político ligado ao setor, o governo ameaçou suspender o pacote se não tivesse apoio oficial da Única. Uma semana depois, a entidade soltou uma nova nota, apoiando o pacote - e sem nenhuma menção a eventuais problemas.

Não há, porém, como aplacar o descontentamento de quem sofre com a nova realidade do etanol. "As medidas não fazem cócegas nas empresas, afirma Carlos Liboni, secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho. "O que está em jogo é maior do que vender álcool no posto: precisamos de uma política clara e de longo prazo para dar segurança aos investidores".

Fonte: revista Exame

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