segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dólar ajudará agronegócio, afirma Meirelles




Após viver um período de bons preços externos nos últimos anos, o agronegócio poderá enfrentar a partir de agora as benesses de um real desvalorizado.

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e presidente do conselho consultivo da J&F, diz que a alta do dólar vai trazer vantagens para exportadores e produtores brasileiros.

Na avaliação do ex-ministro, no entanto, após o ganho que o país teve com a estabilidade econômica, necessita continuar obtendo também ganhos na produtividade.

Qual a taxa certa do dólar? "Prever isso é um exercício ingrato", diz Meirelles. A taxa é resultado de uma série de fatores, e a melhor política é deixar o câmbio chegar a seu ponto, corrigindo eventuais desequilíbrios. Ele destaca que esses desequilíbrios podem ser excesso ou falta de dólar, dependendo do momento econômico.

O executivo da J&F destacou ontem na Feicorte, encontro do setor pecuário que ocorre em São Paulo, que as políticas de governo podem ajudar, principalmente no que se refere à logística, mas esse é um setor em que o produtor tem a liberdade de escolher o quanto e o que plantar.

Sobre a taxa de juros, Meirelles, como ex-presidente do BC, diz que não poderia se manifestar. Acrescentou, no entanto, que "a taxa adequada é a que traz a inflação para a meta fixada".

Ivan Wedekin, diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias, diz que realmente a valorização do dólar traz ganhos para o agronegócio. O problema é que traz também custos, principalmente para os produtos que dependem de insumos importados.

A melhora da economia norte-americana eleva o dólar, mas diminui os preços das commodities em dólares. No caso brasileiro, essa queda pode ser compensada pela alta interna do dólar, já que entram mais reais pelas mercadorias exportadas.

Essa lógica não vale para todos os produtos. Os custos das importações pesam mais sobre a soja, por exemplo, do que os que recaem sobre a pecuária, diz ele.

Para o diretor da Bolsa, o produtor tem de ter consciência de que a "lua de mel com os preços altos das commodities acabou". Os olhares devem ser para a microeconomia, acompanhados de uma boa gestão dos negócios.

Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S. Paulo

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