segunda-feira, 6 de maio de 2013

Aumento no percentual de etanol na gasolina não deve garantir preço menor ao consumidor




O pacote de incentivos dados pelo governo à indústria do etanol não vai aliviar o bolso do consumidor, mas pode favorecer distribuidoras e varejistas. Enquanto o corte de impostos federais vai só escorar investimentos do setor em produção e estoques, a elevação do percentual do combustível renovável adicionado à gasolina - de 20% para 25% - vai ter impacto praticamente nulo na bomba.

A BR Distribuidora informou ao Estado de Minas que as primeiras entregas de gasolina com percentual maior de álcool foram despachadas na terça-feira, mas ressaltou não haver garantia de preços menores no atacado em razão do livre mercado. Os técnicos do Ministério de Minas e Energia admitem que a redução dos preços do litro da gasolina no varejo nacional, em razão da mudança no aumento da mistura, fique em torno de 0,5%. Uma prova de que as diferenças de preços não devem chegar ao público está na omissão das medidas pela presidente Dilma Rousseff em seu pronunciamento na quarta-feira, Dia do Trabalho.

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), a entidade não tem como saber quando cada posto vai repor suas reservas de gasolina ainda com 20% de etanol. Contudo, os impactos nos preços serão ditados pelas distribuidoras e pelos usineiros e o mercado reagirá a partir daí. Não sendo possível cravar que o desconto será repassado ou apenas absorvido para aumentar a margem de lucro.

Com isso, os ganhos serão mais bem percebidos no caixa da Petrobras, apertado pelas importações de derivados de petróleo, e na poluição atmosférica. A estatal importa o combustível para revendê-lo a preços mais baixos no mercado brasileiro, pois o sócio- controlador, a União, não permite o repasse da instabilidade dos preços do petróleo aos combustíveis. Especialistas acrescentam que o aumento do volume de álcool no combustível fóssil deve ter efeito benéfico nos motores flex.


Custos em BH

Apesar da incerteza quanto aos efeitos da medida no valor, o consumidor de Belo Horizonte aproveita a redução do valor da gasolina nos últimos meses. Segundo pesquisa do Procon da Assembleia feita com 76 postos de combustível, no comparativo entre março e abril, antes de entrar em vigor o aumento do percentual de etanol na gasolina, houve redução de 0,62% no litro do combustível fóssil, passando de R$ 2,839 para R$ 2,822.

No sentido contrário, o etanol teve aumento de 0,35%, variando de R$ 2,190 para R$ 2,198 entre março e abril. O movimento nos dois casos contribui para aumentar a distância entre os valores nas bombas, confirmando que é mais vantajoso abastecer com gasolina em todos os postos pesquisados se mantida a regra de 70% do preço.
A direção dos preços deve se alterar a partir deste mês, com o início da colheita da safra de cana-de-açúcar, que segue até outubro ou novembro, dependendo das condições climáticas. Com os incentivos anunciados pelo governo federal, a expectativa é que depois de mais de dois anos o etanol volte a ser vantajoso pelo menos em parte desse período.

Sílvio Ribas
Estado de Minas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cana-de-Açúcar

Açúcar