quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Petra Energia marca para abril testes para explorar gás de xisto no Brasil




Especialista em grandes áreas virgens ou de baixo conhecimento geológico, a Petra Energia é pioneira no Brasil na exploração do gás não convencional, também chamado de gás de xisto. A técnica, que transformou a matriz energética dos Estados Unidos nos últimos cinco anos, terá os primeiros testes feitos no País pela empresa em abril.

"Um sucesso seria o começo de uma possível revolução", disse o presidente da empresa, Winston Fritsch, em evento do setor na Fecomércio Rio. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso e um dos membros da equipe que criou o Plano Real, Fritsch migrou para o setor de petróleo e conduz a empresa de olho em áreas com baixa atratividade, mas que acredita ter potencial. O risco é alto e os recursos para investir muitas vezes vêm de ativos comprados a preços baixos e revendidos com lucro.

A Petra já chegou a ter 54 blocos desde que foi criada em 2005. Hoje, são 32. Foram vendidos, por exemplo, 21 na Bacia dos Solimões para reforçar os investimentos nas bacias do São Francisco, no Parnaíba e no Amazonas - dessas, só a primeira teria gás não convencional.

O interesse de Fritsch pelo gás de xisto se justifica pela revolução que o combustível causou nos EUA. De importador, o mercado americano virou potencial exportador de gás. Os preços do produto caíram tanto que os reflexos são sentidos no Brasil, com a migração de investimentos em petroquímica, grande usuária de gás, para os EUA.

Enquanto prepara os testes do gás de xisto, a Petra Energia começará também a gerar caixa. A empresa dá nos próximos dias a largada na produção de gás, ainda da forma comum, numa associação (30%) com a OGX Maranhão (70%). E informou que vai disputar, em maio, o 11º leilão de áreas exploratórias, que terá 289 blocos ofertados.

O foco da Petra Energia continuará sendo encontrar oportunidades para investir em gás terrestre. A empresa também acredita em potencial para óleo em alguns de seus blocos no Parnaíba e no Amazonas, além de já procurar petróleo na África.

No entanto, a maior atenção em relação a essa empresa de sócios brasileiros ecanadenses está na exploração do gás não convencional. De 14 poços perfurados na Bacia do São Francisco até novembro, foram encontrados indícios do combustível em dez. Em abril, a Petra Energia começa a testar, pela primeira vez no Brasil, a técnica que permite a extração de gás dessas formações ainda intocadas no País.

Potencial. No limite, há potencial para multiplicar por quase 40 vezes as atuais reservas provadas brasileiras, hoje em cerca de 13 trilhões de pés cúbicos (TCFs, na sigla em inglês), segundo a consultoria Gas Energy.

A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, disse neste ano que, se as rochas brasileiras tiverem a mesma qualidade das americanas, o potencial chegará a 500 TCFs. "Isso ainda precisa ser comprovado", afirmou Magda. "Temos de investir e saber o potencial do País. Temos de nos apoderar do subsolo."

Segundo a Agência Internacional de Energia, em dois anos os EUA ultrapassarão a Rússia como maior produtor mundial de gás. A façanha será possível graças à técnica que usa fraturamento do solo, injeção de um composto de líquido e gás de forma a conseguir extrair por pressão os recursos entranhados na rocha.

No Brasil, as formações geológicas são distintas e só a perfurando se saberá o real potencial, diz a Petra. A empresa estima que será preciso estudar alternativas tecnológicas para escolher a mais adequada à realidade dos reservatórios do São Francisco.

As formações geológicas na Bacia do São Francisco têm rochas com significativas fraturas naturais, o que é favorável à exploração, porém com porosidades e permeabilidades baixas, o que dificulta a aplicação das tecnologias existentes. Após os primeiros testes, normalmente leva-se em torno de dois anos até alcançar o sucesso comercial. "Se tudo correr bem, estaremos produzindo em 2015. Por enquanto, é só uma previsão", disse Fritsch.

Sabrina Valle
Fonte: O Estado de S. Paulo

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