quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Por um só etanol, o anidro

Ao mesmo tempo em que o setor pleiteia junto ao governo apoio em forma de desoneração de impostos e em estímulos para aumentar a oferta a fim de conseguir colocar no mercado um etanol mais competitivo (veja matéria de capa na página 85), o governo, através do Secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins, responde que alguma desoneração pode ser boa para o setor, mas não acredita que vá gerar grande impacto porque o benefício total que se consegue com uma eventual desoneração tributária do PIS e da Cofins é pequeno e não agrega tanto.



A justificativa do Secretário tem sua razão de ser. Confiante, ele entrou até mesmo em um terreno que não é bem o seu ao afirmar que é preciso aumentar a produtividade das lavouras de cana e diminuir o custo de produção para promover a redução no preço do etanol. Sugeriu até mesmo um estudo mais aprofundado que resulte em aumento da eficiência energética dos automóveis brasileiros, cobrando da indústria automotiva a fabricação de veículos a etanol que percorram 16 quilômetros com um litro.

Tem sido frequente o setor encarar estas questões entre produtores e governo como contrapostas. Em vez disso, levando-se em conta que ambos têm suas razões, episódios como este poderiam ser usados como pretexto para se levantar uma discussão mais aprofundada: este não seria o momento ideal para se discutir de fato a anidrização do mercado? Por que, afinal, um país precisa possuir dois etanóis? Por que, afinal, uma usina precisa produzir dois etanóis? Por que não padronizar o etanol em um só, o anidro?

Por mais que o setor espere uma interferência favorável do governo e o governo tente forçar o setor a sair sozinho dessa, o fato é que o regulador natural da situação acaba sendo sempre o mercado. E o mercado hoje indica a anidrização total. Já se consome no País mais etanol anidro do que hidratado. Por que, então, não levar apenas o anidro para as bombas? É um produto que tem carga tributária diferenciada, que resulta em eficiência energética maior e, embora tenha custo de produção maior, resulta também em quantidade maior de quilômetros rodados por litro. Dessa forma, poderia competir de igual para igual com a gasolina.

Alguém poderia dizer que esta é uma solução radical. Mas todos sabemos que muitas das soluções revolucionárias aconteceram sempre a partir de decisões radicais. A proposta, portanto, está na mesa. Sentemo-nos à sua volta, para discuti-la.

Editorial publicado na Edição 225, do JornalCana.








Fonte: ProCana Brasil

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