sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Indústria condiciona absorção da laranja a ações do governo



Representantes da base produtiva e da indústria processadora de laranja buscam resolver, em conjunto e com apoio do governo, a crise de oferta que ameaça oitenta milhões de caixas da fruta - deixando de lado, pontualmente, as desavenças tradicionais.

Os citricultores esperam medidas públicas que deem garantias à indústria, para que esta decida comprar o volume excedente da safra, equivalente a 300 mil toneladas de suco concentrado.

O excesso de produção, do qual dez milhões de caixas já se perderam, está ligado à expansão dos pomares controlados pelas fabricantes ao longo da década passada, e se agrava com o acúmulo de estoque da última safra.

Entre 2011 e 2012, colheram-se 420 milhões de caixas de laranja. Sobrou, em estoque, o equivalente a 160 milhões (600 mil toneladas de suco). Com uma produção esperada de 365 milhões de caixas, na safra atual, a base produtiva entrou em crise de oferta.

"É a pior crise da história", afirma o produtor Frauzo Ruiz Sanchez, de Ibitinga (SP). "O citro está com liquidez zero: não vende nem abaixo do custo de produção", acrescenta, tendo dispensado 20% de sua produção, estimada em 250 mil caixas por safra.

Sanchez participou, no último fim de semana, de uma reunião com representantes da cadeia citrícola e políticos, em São Paulo, para debater e dar reforço às soluções que estão sendo estudadas pelo poder público.

Envolvidos nas discussões, os porta-vozes da indústria garantem que, com o apoio das esferas estadual (paulista) e federal, será possível absorver e processar, a preços especiais, pelo menos metade do excedente de oferta.

A principal medida, nesse sentido, seria a prorrogação da Linha Especial de Crédito (LEC), destinada à estocagem de suco para a próxima safra - a decisão, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deve ser publicada amanhã.

Na última safra, o crédito à estocagem (R$ 300 milhões em empréstimos) respondeu pela passagem de mais 311 mil toneladas de suco. A intenção da indústria é repetir o volume neste ano, segundo o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Christian Lohbauer.

"O suco que se guardou na safra passada ficou mais caro, neste ano, e pudemos exportá-lo", ele disse, explicando a vantagem da medida. (As exportações brasileiras de laranja devem cair de 1,4 milhão para 1 milhão de caixas.)

O representante afirmou que a prorrogação da LEC pode evitar que quarenta milhões de caixas de laranja (50% do excedente de oferta estimado) sejam descartadas pelos produtores.

Para comprar o produto, a indústria utilizaria, neste caso, contratos-modelo que levam o nome do Conselho dos Produtores e Exportadores de Suco de Laranja (Consecitrus). Pagaria, dessa forma, R$ 7 por caixa.

Ficaria a cargo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) garantir o preço mínimo da laranja (R$ 10) ao produtor, com prêmios de escoamento.

Lohbauer disse que, no contrato, consta que os citricultores terão direito a participação futura nos lucros - quando o suco estocado neste ano for vendido, em 2013. "[A divisão do ganho] varia por empresa: 40% e 60% ou 50% e 50%", explicou.

Em nível estadual, em São Paulo os representantes da cadeia produtiva pedem que se impulsione o consumo de suco de laranja nas escolas públicas, ampliando a presença da bebida na merenda. Há projetos nessa área que preveem o consumo anual de doze litros de suco por aluno.




Fonte: DCI

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