Governo promete investir em canaviais

Desde o início do ano, o governo federal vem demonstrando interesse em apoiar a renovação e a ampliação doscanaviais para atender à demanda por matéria-prima para as usinas. A primeira iniciativa foi o lançamento, em janeiro, do BNDES Prorenova, que prevê a destinação de R$ 4 bilhões para a renovação ou implantação de mais de um milhão de hectares de cana-de-açúcar no País.

Segundo a assessoria de imprensa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Prorenova já está em funcionamento, mas ainda não é possível realizar balanços de desempenho. "Os agentes financeiros necessitam de um tempo hábil para conhecer o programa e adequar-se a suas políticas operacionais. Ainda assim, já há consultas sendo feitas ao banco, o que indica que o Prorenova tem se desenvolvido dentro das expectativas."

Em 24 de fevereiro, o governo federal deu mais uma demonstração de que pretende estimular a retomada do crescimento do setor ao anunciar o Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro para os próximos quatro anos.
A meta é garantir o abastecimento de mais da metade da frota nacional de veículos leves com etanol hidratado, mantendo a mistura de 25% de etanol anidro à gasolina, consolidando o etanol como principal combustível usado pela frota brasileira de veículos leves.

O governo calcula que até 2015 seja necessário ampliar as áreas de canaviais em 3,8 milhões de hectares, o que custaria R$ 23 bilhões. Para isso, vai disponibilizar recursos por meio do BNDES e outras fontes e pretende propiciar as condições necessárias para atrair investimentos privados.

O plano prevê a renovação de 6,4 milhões de hectares de cana-de-açúcar até 2015, ao custo de R$ 29 bilhões, e o investimento de mais R$ 8,5 bilhões para criar mais 1,4 milhão de hectares de canaviais para atender a capacidade instalada das usinas, que atuam em média 16% abaixo de sua capacidade máxima de processamento da cana.

MEDIDAS

Para o diretor-presidente da UDOP (União dos Produtores de Bionergia), Celso Torquato Junqueira Franco, a iniciativa do governo em estimular a renovação e ampliação dos canaviais é muito bem-vinda. Porém, ele entende que é preciso garantir que o crédito chegue aos produtores que mais precisam, criando instrumentos que tirem o risco do crédito do financiamento das instituições que fazem a seleção dos clientes a serem beneficiados.

Outro ponto positivo, de acordo com ele, é a previsão de manter a mistura de etanol à gasolina em 25%. Mas diz que devem ser criados meios para garantir rentabilidade financeira do etanol, que tem seu custo de produção ampliado a cada ano, ao passo que a gasolina tem o preço inalterado pelo governo, dificultando a concorrência.

Por fim, Franco chama a atenção para a necessidade de incentivar, a partir de já, a construção de novas usinas para atender à demanda prevista, já que a construção de unidades é um processo longo.

Lázaro Jr.
Fonte: Folha da Região -