sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Levantamento da Aiba confirma previsões positivas para a safra 2010/11

Praticamente concluída, faltando apenas terminar a colheita do algodão, prevista para a segunda quinzena de setembro, a safra 2010/11 do Oeste da Bahia foi marcada por recordes de produção e produtividade em suas três principais culturas agrícolas, soja, milho e algodão. O 4º Levantamento do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) confirmou as estimativas dos levantamentos anteriores. O algodão, segunda cultura em tamanho de área na matriz produtiva da região, foi o maior destaque, com produtividade média de 270 arrobas por hectares, a segunda maior do planeta. Os preços históricos da commodity antes do plantio levaram ao crescimento de 51% na área plantada, e o Oeste baiano colheu 1,5 milhão de toneladas de algodão em capulho, ou 601 mil toneladas de pluma. O Valor Bruto da Produção (VBP) do algodão chegou a superar o da soja, que tem mais que o dobro de área, ficando em R$2,53 bilhões, contra R$2,42 bilhões da oleaginosa.

De acordo com o assessor de Agronegócios da Aiba, Jônatas Brito, a produtividade do Oeste baiano só é superada pela da Austrália, cuja cotonicultura é 100% irrigada. No Oeste, apenas 6% das lavouras de algodão contam com irrigação. No início da colheita, em julho, os primeiros resultados levaram a equipe a duvidar que a produtividade chegasse a 270 arrobas por hectare.

“As primeiras áreas colhidas foram justamente as mais novas, com menor potencial produtivo. Com a entrada das áreas mais antigas, a tendência se confirmou”, explicou Jônatas Brito. Em algumas regiões, como Roda Velha, distrito de São Desidério, a média geral de produtividade ficou em 285 arrobas por hectare, com ocorrências ainda maiores em algumas fazendas.

Soja

Também foi uma boa safra para a cultura da soja, segundo o 4º Levantamento do Conselho Técnico da Aiba. A média geral de produtividade na região foi de 56 sacas por hectare em 2010/11, contra 51 sacas por hectare em 2009/10. A região colheu 3,6 milhões de toneladas, 13% a mais que no ciclo anterior, que teve produção de 3,3 milhões de toneladas. Já a área cresceu 3%, saindo de 1,05 milhão de hectares, para 1,08 milhão de hectares.

Milho

Apesar da valorização há muito não experimentada nos preços do cereal, a área plantada com milho no Oeste da Bahia foi 10% menor na safra 2010/11. Isso aconteceu em função da migração de parte da área de milho para o algodão, cujos preços estavam mais atrativos no momento da decisão do plantio. O milho, que ocupou 170 mil hectares em 2009/10, caiu para 153 mil hectares na safra atual. Em compensação, aumentou a remuneração do produtor. Hoje o milho para ração animal está cotado, em média, a R$ 23,5 por saca de 60 quilos, e a R$25 reais para o consumo humano. No ano passado, nesta mesma época, o cereal valia em torno de R$20 para consumo humano. O VBP foi 47% maior que no ano-safra anterior, saindo de R$408 milhões para R$598,5 milhões. A produtividade aferida foi de 163 sacas por hectare.

Café

Cultura perene, o café no Oeste ainda não reagiu ao bom momento dos preços, hoje em torno de US$300 a saca. Ao contrário, a área total produzida está em torno de 10% menor que na safra anterior, sendo 12,8 mil hectares em 2009/10, contra 11,5 mil hectares em 2010/11. Já as áreas em formação ou renovação cresceram 27%, saindo de 2,55 mil hectares na safra passada para 3,25 mil hectares na atual. A produtividade também caiu de 45 sacas de 60kg beneficiados por hectare para 41 sacas por hectares. De acordo com a Associação dos Produtores de Café do Oeste da Bahia (Abacafé), a redução provavelmente se deu pelo baixo rendimento no beneficiamento, quando foi necessário maior volume de litros de grão para se chegar a uma saca de café beneficiado. A situação também se verificou em outras regiões produtoras tradicionais, como em Guaxupé-MG.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, o café tem chances de dar uma guinada em sua situação no Oeste. Segundo ele, a perspectiva no cenário mundial é de diminuição acentuada na produção da Colômbia e do Vietnã, o que favorece o preço da commodity. “Os estoques mundiais estão em níveis críticos. A população global consome 140 milhões de sacas por ano e o estoque de passagem entre o final da colheita brasileira, em setembro, e o início da próxima safra, não chegará nem a 30 milhões de sacas. Com esses preços, que tendem a perdurar por um bom tempo, e a aptidão e tecnologia do Oeste baiano, certamente, teremos novidades”, diz o presidente da Assocafé.

Recordes mundiais

Boas condições de clima e solo, recursos hídricos e o uso estratégico das mais modernas tecnologias do mercado, aliados ao alto índice de informação e profissionalismo do produtor rural, garantiram ao cerrado baiano a liderança mundial na produtividade de soja e milho e um segundo lugar em algodão.

O Brasil tem a maior média de produtividade de soja do mundo, 51,8 sacas/hectare, e na Bahia este índice é maior que o do Brasil, 56 sacas por hectare. Nas lavouras de milho, o Oeste, que obteve 163 sacas por hectare de produtividade em 2010/11, também vem em primeiro no ranking mundial, seguido pelos Estados Unidos - referência de produtividade-, com 159 sacas por hectare, e pela União Européia, com 115,6 sacas por hectare.

Já em algodão a produtividade média do cerrado baiano, de 270 arrobas por hectare, perde apenas para a Austrália (271@/ha), e supera a média nacional (250,8@/ha) e a da China, com 226,1 arrobas por hectare. Mesmo assim, a superioridade australiana é relativa. “Se compararmos apenas o desempenho da cotonicultura irrigada do Oeste baiano com a australiana, com certeza somos muito superiores, mas esse modelo de plantio ainda não tem volume relevante no cerrado da Bahia”, afirmou o assessor de Agronegócios da Aiba, Jonatas Brito.

O presidente da Aiba, Walter Horita, avalia os resultados da safra 2010/11 como muito bons não apenas para o Oeste, mas para todo o agronegócio brasileiro. “Este ano-safra foi memorável. Para mim, foi o primeiro de uma nova era, quando, enfim, a agricultura começa a ser mais valorizada e o produtor passa a ser melhor remunerado pelo seu trabalho. Isto é muito importante para um segmento que tem a missão nobre, embora pouco conhecida, de alimentar o mundo e garantir o atendimento à demanda de uma população mundial que cresce em ritmo acelerado”, disse o presidente da Aiba, Walter Horita.

Participam do Conselho Técnico da Aiba, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Fundação Bahia, CREA, Aciagri, Agência de Defesa Agropecuário da Bahia (Adab), IBGE, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Sindicato Rural LEM, Bunge, Cargill, Conab, Abacafé, Sindicato Rural de Barreiras, e Corpo de Bombeiros de Barreiras.


Fonte: Aiba

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