quarta-feira, 31 de julho de 2013

Super oferta de milho em MT

Saca que chegou a ser negociada a R$ 22 em julho do ano passado agora custa cerca de R$ 8,80 na região oeste de MT

A super oferta de milho, em Mato Grosso, encavalou uma safra gigante sobre a outra e o cereal paga um preço caro pela oferta demasiada. Em um intervalo de um ano, a cotação no Estado despencou em cerca de 60%. Se no ano passado chegou a ser negociada a R$ 22, agora tem indicações de R$ 8,80 na região oeste, como, por exemplo, no município de Sapezal (470 quilômetros de Cuiabá).

Fora isso, o cereal no Estado acumula baixas significativas neste primeiro semestre e com a cotação de R$ 8,80, além de estar abaixo do preço mínimo, R$ 13,02, fica bem aquém do custo de produção estimado em média a R$ 14 nesta safra.

Como aponta o Boletim do Milho, divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), do início do ano até julho as cotações do milho sofreram queda de R$ 8 por saca, em Mato Grosso. Devido às baixas cotações, poucos negócios acabam sendo realizados. Algumas praças, como Sapezal, obtiveram médias de preços de R$ 8,80/sc na última semana, aumentando a preocupação dos produtores, que buscam subvenção nos leilões do governo federal.

“Os preços do milho mato-grossense continuam em queda, tendo como um dos fatores a pressão perante o avanço de sua colheita, que atingiu 75,1% na última semana de julho. No final de junho, quando a colheita estava próxima a 20%, os preços adotados eram acima de R$ 12 a saca. No mesmo período do ano passado a situação era ainda melhor, com preços superiores ao dobro do atual, médias de R$ 22/sc no Estado. Na última semana o cereal encerrou cotado a R$ 10,33/sc no Estado, apresentando recuo semanal de 5%”, explicam os analistas do Imea.

Em função da queda livre dos preços em plena safra – são esperadas 17 milhões de toneladas neste ano, volume que supera o recorde da safra anterior de mais de 15 milhões - as intervenções do governo federal se tornam cada vez mais necessárias e urgentes. Como explica o Imea, os mecanismos de proteção são a única forme de sustentar o preço do cereal e garantir o escoamento, além de aliviar a pressão que a entrada da safra recorde do milho no mercado causa sobre os preços.

Já foram realizados até o momento dois leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), que somaram juntos 1,94 milhão de toneladas de milho comercializados para Mato Grosso. Na lista de municípios abrangidos pelo Pepro, estão àqueles que já enfrentam problemas de armazenagem e baixas cotações. Foram realizados também cinco leilões para Contrato de Opção de Venda (COV), que somaram 2,08 milhões de toneladas comercializadas para o Estado, a fim de proteger o produtor contra os riscos de queda nos preços do cereal. “Apesar de os leilões terem assegurado a comercialização de 4 milhões de toneladas do milho, os preços em Mato Grosso ainda não reagiram, com cotações bem abaixo do preço mínimo de R$ 13,02/sc. Além disso, o escoamento e a armazenagem desse produto são outros problemas que o produtor já começa a enfrentar, com possibilidade de exportação a partir de setembro, uma vez que os navios já estão comprometidos até final de agosto”, aponta o Imea.

ARMAZENAGEM - Com 75% de uma área de mais de 3 milhões de hectares plantados já colhidos, os produtores de Mato Grosso procuram alternativas emergenciais para estocagem dos grãos. Os silos-bolsas são a opção, principalmente nas áreas com maior déficit de armazenagem, como a região médio norte que compreende municípios como Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum.

De acordo com dados do Imea, já foram vendidos a Mato Grosso uma quantidade de silos bolsas com capacidade de armazenar 2,4 milhões de toneladas, o que poderia amenizar momentaneamente o problema. Apesar disso, não se sabe quanto do potencial dessas bolsas já está sendo usado e quanto ainda está disponível.

Conforme a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), o uso e a viabilidade desses silos implicam em despesas e cuidados extras ao produtor. “A alternativa impõe entraves quanto à capacidade de investimento dos agricultores, ao tempo de armazenagem e aos altos custos com maquinário, tanto da embutidora como da extratora, itens que controlam o fluxo de grãos nos silos. O investimento na embutidora e extratora aproxima-se dos R$ 80 mil, enquanto o valor do silo-bolsa, em média, é de R$ 1,4 mil”.



Diário de Cuiabá

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