segunda-feira, 10 de junho de 2013

Estatal russa Rosatom quer ser parceira do Brasil em energia nuclear




Enquanto o Brasil decide se vai tirar da gaveta o plano de construir pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030, a líder em construção de usinas da Rússia, a estatal Rosatom, veio ao país oferecer sua parceria para qualquer modelo que seja adotado pelo governo brasileiro.

De acordo com o diretor geral adjunto da Rosatom, Kiril Komarov, que ontem (6) esteve reunido com o ministro Edison Lobão, "qualquer decisão que o governo brasileiro tome já seria um avanço".

Komarov veio ao Brasil para apresentar a empresa ao governo e agentes da indústria, que se reuniram em um hotel no Rio de Janeiro hoje (7) para um seminário sobre a experiência russa em usinas nucleares.

Em sua conversa com o ministro, classificada de "muito amigável" pelo executivo, nenhum prazo ou novo encontro foi marcado. "Reafirmamos a ele que estamos esperando o rumo que o governo brasileiro vai tomar", disse.

Komarov explicou que a Rosatom participa em vários projetos nucleares pelo mundo de maneiras diferentes, podendo se tornar sócia minoritária dos projetos, construir e controlar totalmente a usina, ou apenas financiar a construção. Em alguns casos, eles apenas constroem a usina e saem do projeto, informou.

"Na Rússia temos dois modelos, alguns projetos totalmente estatais e outros que dão 49% para a iniciativa privada", explicou.

O governo brasileiro ainda não decidiu se voltará a construir usinas nucleares no país. No momento, finaliza a construção de Angra 3, uma usina de 1,4 mil megawatts localizada em Angra dos Reis (RJ), ao lado de Angra 1 e Angra 2.


Retomada

Segundo fontes do governo, desde que o programa de retomada de construção de usinas foi anunciado pelo ministro Lobão, antes do acidente de Fukushima, no Japão, em 2011, muitas coisas aconteceram no setor, o que levou ao arquivamento do projeto.

Lobão chegou a anunciar que o governo faria 50 usinas em 50 anos, mas depois o número foi reduzido para oito e posteriormente para quatro até 2030.

Apesar do entusiasmo da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, e de alguns integrantes do governo, ainda não há consenso sobre a retomada.

A visita da Rosatom trouxe especulações de que em breve haverá um marco regulatório para o setor e leilões serão realizados para a construção de usinas, mas no governo ninguém confirma.

Komarov disse que a empresa tem uma carteira de projetos no momento de US$ 70 bilhões para os próximos 10 anos, e que não há como prever o valor de possíveis investimentos no país.

"O investimento vai depender de cada contrato e da forma que o governo vai decidir", disse.

Segundo Komarov, uma usina nuclear moderna leva até 48 meses para ficar pronta, mas a média do mercado está mais próxima de 60 meses.

Ele deu como exemplo uma unidade com quatro geradores que está construindo na Turquia ao preço de US$ 20 bilhões.
No momento, a Rosatom constrói 28 usinas nucleares, sendo nove fora da Rússia.

De acordo com o presidente da Abdan (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares), Antonio Mueller, o custo no Brasil para uma usina de mil megawatts seria em torno dos US$ 5 bilhões.

Denise Luna
Fonte: Folha Online

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