sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Comércio de emissões prejudica consumo verde na União Europeia




Sistemas que visam regular as emissões de gases de efeito estufa podem limitar as tentativas dos consumidores de reduzir suas pegadas de carbono, de acordo com um artigo publicado pela Universidade de East Anglia, nos Estados Unidos.

Economista ambiental da Escola de Economia e membro do Centro de Pesquisa Social e Econômica para o Desenvolvimento Global da universidade, Grischa Perino, autor do texto, sugere que algumas recomendações feitas por órgãos governamentais e ONGs ambientais sobre como as pessoas podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa são inapropriadas na União Europeia. Isso devido ao Regime do Comércio de Licenças de Emissão da UE (RCLE-UE), que limita as emissões de algumas indústrias, como de eletricidade e aviação, e garante licenças para emissões de fontes reguladas.

Conselhos comumente dados aos consumidores incluem redução do número de voos efetuados, substituição de aparelhos que consomem muita energia e redução do consumo de carne vermelha. Segundo Perino, estas mudanças não surtem efeito sobre o total de emissões, já que elas simplesmente são realocadas para outras fontes por meio do mecanismo de comércio.

Ele diz que, além dos exemplos já citados, apenas comer menos carne pode reduzir o total de emissões, porque, em contraste com a produção de eletricidade e a aviação, as emissões da agricultura não são recuperadas pelo sistema europeu. Ele ainda argumenta que entender o que é coberto pelas políticas do sistema europeu é crucial para indivíduos que querem contribuir para a redução da pegada de carbono.

- Consumidores que querem reduzir seu impacto no clima a partir do seu consumo e estilo de vida deveriam focar na redução de emissões não reguladas pelo sistema, tais como transporte rodoviário, agricultura e outros setores com baixa intensidade de energia- afirmou Perino.

- Dirigir menos o carro, comer menos carne vermelha e melhorar o isolamento da sua casa reduzem substancialmente a sua pegada de carbono. Esses setores não regulados representam mais da metade das emissões de gases de efeito estufa nos países participantes, e reduzir essas emissões é importante.

O RCLE-UE é o maior sistema internacional de comércio de licenças de emissão de gases de efeito estufa. Nele, as emissões de fontes reguladas podem ser compensadas por outras, e as empresas que detêm mais licenças de emissão do que o necessário podem vendê-las para outras empresas, que por sua vez, vão usá-las para aumentar suas próprias emissões.

Sob o chamado sistema de limitação-e-comércio, as emissões de uma fonte regulada podem ser compensadas por outra, e as empresas que detêm mais licenças de emissão do que o necessário podem vendê-las para outras empresas, que, por sua vez, poderão usá-las para aumentar suas próprias emissões. Entretanto, Perino diz que enquanto esse esquema reduz as emissões de gases de efeito estufa, ele só faz isso porque a limitação é menor do que a quantidade de setores regulados que emitiriam se ele não existisse, e acrescenta:

- Os outros dois sistemas da América do Norte seguem o mesmo design e têm resultados semelhantes.

Perino recomenda que na redução das emissões de setores europeus, como a produção de eletricidade, as pessoas deveriam pressionar políticos a reduzir o limite do sistema. Ele podem também "aposentar" as licenças de emissões, tendo assim um impacto direto sobre as emissões.


Fonte: O Globo

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