quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Governo quer aumentar a segurança do sistema elétrico




Apesar da tranquilidade apresentada pela presidente Dilma Rousseff com relação ao abastecimento do setor elétrico brasileiro, em pronunciamento em rede de rádio e TV na semana passada, o governo trabalha internamente para encontrar alternativas para aumentar o nível de segurança do sistema, mesmo que as medidas provoquem um impacto no custo da energia do país no longo prazo. Com essa estratégia, o governo sinaliza que as decisões do setor elétrico deixarão de dar prioridade exclusivamente à modicidade tarifária e passarão a considerar mais a segurança do fornecimento de energia.

Duas medidas em estudo pelo governo são a inclusão de novas termelétricas no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2013-2022 e a realização de um novo leilão de reserva (o que não ocorria desde 2011) para ampliar a oferta de energia disponível no sistema. Também está em avaliação, porém com menos interesse, a realização de leilões regionais e por fonte de energia, sugestões feitas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Principal documento do governo sobre a expansão da oferta de energia no país, o PDE nunca incluiu termelétricas novas, a não ser aquelas já contratada em leilões. Por orientação do governo, as edições anteriores do plano baseavam a expansão do sistema apenas em fontes renováveis, principalmente hidrelétricas, eólicas e usinas a biomassa.

"Já estamos fazendo o PDE 2022. E a gente prevê um pouquinho mais de térmicas entrando no sistema. Deve ter mais térmicas a gás. Não temos um número ainda", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, em evento sobre energia, no Rio de Janeiro. "Claro que tem uma questão econômica. A grande questão é como que essas térmicas não vão onerar demais a tarifa, dado o preço do gás. Mas tem uma hora que tem a questão da segurança, mesmo que seja mais caro, tem que colocar térmicas", completou ele.

O atual PDE (2012-2021) prevê a inserção de 8.170 MW de capacidade instalada de termelétricas contratadas nos leilões anteriores. A partir de 2015, a EPE não estima a entrada de nenhuma outra térmica, situação que deve mudar no próximo plano.

Com relação à operação do sistema, Tolmasquim disse que a EPE não estuda a possibilidade de acionamento contínuo das térmicas, pois a medida poderia causar o vertimento de hidrelétricas nos períodos de cheia. "Algumas térmicas na base pode ter, mas não pode ter muitas", disse.

Além do leilão de energia de reserva, ainda em estudo, o governo realizará um leilão específico para a hidrelétrica de Sinop (MT), de 400 MW de capacidade, até maio. Ainda no primeiro semestre, serão feitos o leilão A-3 (com início de entrega de energia em 2016), a licitação da usina de Três Irmãos, que pertencia à Cesp, e o A-0, para preencher a demanda das distribuidoras. No segundo semestre, haverá o leilão A-5 (com início de fornecimento em 2018).

Tolmasquim contou que sempre esteve "tranquilo" com relação ao suprimento de energiano país, "por conta das térmicas disponíveis". Segundo ele, "tudo funcionou como tinha que funcionar, a térmica está aí para isso mesmo."

Rodrigo Polito
Fonte: Valor Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cana-de-Açúcar

Açúcar