quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Flores: Rentabilidade depende de atualização constante

Necessidade de investimento elevado, que vinha desestimulando o crescimento da produção na região, agora tem incentivos do Governo Federal


A produção de flores movimenta por ano cerca de R$ 4,3 bilhões no país e, para impulsionar ainda mais o cultivo de espécies ornamentais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha em conjunto com o setor cooperativo para a implementação de medidas de incentivo à produção. Na região, há cerca de 10 produtores de flores na ativa e, de acordo com o presidente da Ameflor (Associação dos Floricultores do Norte Gaúcho), José Elias Girardi, produtor de Marau, a principal dificuldade está na falta de mão de obra qualificada, e não em recursos para o setor.

Girardi explica que entre os entraves da atividade estão a falta de assistência técnica especifica para o cultivo de flores e a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada para o trabalho, já que é uma atividade praticamente 100% manual. A Ameflor trabalha para atender a demanda regional, que hoje é suprida em apenas 15%. São 10 produtores associados das cidades de Passo Fundo, Sananduva, Marau e Vista Alegre do Prata. Para eles, o cultivo de flores é a principal atividade da propriedade, abrangendo 10 mil metros quadrados de área coberta e mais 5 mil metros quadrados de campo.

O presidente da Ameflor salienta que não é possível abastecer todo mercado regional, porque os produtores que estão trabalhando não têm condições de aumentar a produção, principalmente devido a falta de mão de obra. Seria necessário que novos produtores ingressassem no ramo, o que devido a tradição cultural do cultivo de grãos, acaba se tornando um problema. Com a criação da Associação, os produtores estão integrados e apostando mais na atividade, que, segundo Girardi, é rentável se houver a assistência técnica e a e mão de obra especializada.

Entre as espécies cultivadas em vasos estão gerânio, patins, brinco de princesa, cíclame, de corte, boca de leão, mosquitinho, strelitzia, rosas, lisiantus, astromélia, flores sazonais e cactus, além de algumas espécies decorativas e espécies de verdes que servem para complementos. A produção é comercializada para floriculturas e decoradoras, mas os produtores também participam de feiras.

Principal fonte de renda da propriedade
A produção de Eunice Ilha, empresária do ramo em Passo Fundo, é de 12 mil vasos/ano e mais dois mil maços. O cultivo é feito em 780 metros quadrados de área coberta e mil metros quadrados de flor de campo. Conforme Eunice, a produção de flores é uma atividade rentável, mas não imediato. “É preciso investir bastante, especialmente estufa e irrigação, e o retorno começa a vir em média após cinco anos, dependendo também do financiamento realizado. É fundamental também ter uma continuidade de produção para fidelizar o cliente”, explica.

O tempo médio para produção varia entre três meses no verão e quatro meses no inverno. Semanalmente é feito o plantio de mudas para haver rotatividade do produto. Em se tratando do custo de investimento, outro fator que o torna elevado é pelo fato de muitos insumos, como substratos e venenos, precisarem vir de São Paulo para suprir a demanda da região do Planalto Médio. “Como a principal atividade da região é o cultivo de grãos, não há muitas empresas especializadas na venda de insumos para flores”, diz Eunice. O caminhão da Ameflor abastece municípios da região, mas mesmo assim os insumos são insuficientes frente a demanda, o que também impede o aumento da produção e faz com que muitas flores sejam compradas de São Paulo.

Quanto ao potencial do setor para a geração de empregos, Eunice explica que uma pessoa consegue dar conta de mil metros quadrado em estufa. Atualmente três pessoas trabalham na propriedade: ela, uma filha e uma funcionária. Duas delas cuidam da produção e outra da comercialização. Há 16 anos explorando esta atividade no 1º Distrito, a empresária diz que iniciou o trabalho como um hobby, mas que hoje o cultivo de flores se tornou a principal fonte de renda da família.

Em busca de atualização constante, ela continua frequentando cursos de capacitação para que o trabalho seja profissional. “Para mim, trabalhar com flores é uma troca. É algo prazeroso. Sempre digo que não vendo flores, vendo emoção”, ressalta Eunice, que trabalha em média 8h por dia, já que com exceção da irrigação, todo o restante da atividade é manual.

Ameflor
A Associação está aberta para novos produtores ou quem quer começar a trabalhar neste setor, pois quanto mais produtores de flores se associarem, melhores serão os preços e as condições de pagamento no momento de comprar os produtos.


Fonte: Diário da Manhã

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