terça-feira, 27 de novembro de 2012

Etanol está mais competitivo na bomba




Depois de passar por uma fase turbulenta por problemas em safras e pela alta do açúcar no mercado internacional no fim de 2011, o etanol vem se mantendo vantajoso para o consumidor da capital paulista: pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgada ontem mostra que a relação entre o preço médio do combustível e o valor médio da gasolina atingiu 65,93% na segunda semana de novembro. É a menor desde junho do ano passado.

Apesar da expectativa de que a safra fosse ruim de novo este ano, o que não aconteceu, segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe), Rafael Costa Lima, não há sinais de que a relação - que deixa de ser vantajosa quando o preço do combustível derivado de cana-de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina -, saia desse patamar no curto prazo. "Não é tão significativa a ponto de fazer consumidores correrem para abastecer com etanol", avaliou.


Campanha

Por outro lado, a melhora na relação a partir de setembro elevou as expectativas do setor, que lançou uma campanha publicitária ("Coloca etanol, o combustível completão") em 11 de novembro. A ação, considerada "a maior já feita pelo setor", segundo o diretor de comunicação da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Adhemar Altieri, tem objetivo de dar "um recado para o consumidor que migrou para gasolina artificialmente barata", ou seja, que segue com preços estabilizados pelo governo.

"A constatação que levou à decisão foi justamente o preço, hoje na mesma faixa de competitividade da gasolina em Estados que são grandes produtores e consumidores, caso de São Paulo - que sozinho consome mais da metade do etanol brasileiro -, Paraná, Goiás e Mato Grosso", explicou Altieri. "Isso não quer dizer que o consumidor não vá encontrar nenhum posto com variação abaixo de 70%. A formação de preço inclui outros elos da cadeia, como distribuidoras e postos, a culpa nem sempre é da usina", afirmou.

A expectativa com a ação é que boa parte dos consumidores, principalmente de carros flex, repensem as formas de abastecimento após o período de alta nos preços. "A ideia é focar os benefícios do etanol como combustível potente e limpo, que emite 90% menos gases, e emprega oito vezes mais que o petróleo", frisou.


Projeções

"Nossa campanha vai até dezembro, mas temos dados suficientes para indicar que a próxima safra (março/abril de 2013) será maior que a deste ano, quando serão colhidas 520 mil toneladas de cana na região Centro-Sul", sinalizou.

A Unica projeta a necessidade de construir 120 novas usinas no País até 2020. O investimento, de R$ 150 bilhões, já esta disponível, segundo Altieri. "Só depende de destravar as políticas públicas que não andam na rapidez que o setor gostaria - como o governo administrar o preço da gasolina e não definir quando deve aumentar ou diminuir preços. Assim, não há como programar a produção", lamentou o especialista.

Karina Lignelli
Fonte: Diário do Comércio

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