segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Estímulo à inovação requer ações combinadas




A criação de um ambiente que estimule a inovação para a sustentabilidade requer a combinação de vários fatores. Para o economista Jacques Marcovitch, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, coordenador do estudo "Economia das Mudanças Climáticas no Brasil", além da adoção de métricas de sustentabilidade que assegurem rigorosa verificação a todos os investidores, é preciso dar maior ênfase na formação de engenheiros e valorizar nos currículos das escolas técnicas e das faculdades de engenharia os processos de inovação que almejam o desenvolvimento de produtos e processos redutores de gases de efeito estufa. Outro ponto importante é aprimorar os processos de registro de patentes e ampliar as compensações aos pesquisadores e inventores que obtiverem o registro de patentes para processos e produtos redutores de gases do efeito estufa.

Markovitch dá como exemplo a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que gerou demanda e oportunidades de implantação de uma indústria de reciclagem, logística reversa e coleta seletiva de materiais que antes eram desperdiçados. "A inovação tecnológica no setor de aterros sanitários viabilizou a queima direta de biogás, que antes era emitido para a atmosfera", afirma.

No ambiente empresarial, também faltam incentivos, sobretudo para que pequenas e médias concretizem seus projetos de inovação. "Não é pela falta de projetos e boas ideias que essas empresas não decolam", afirma Paulo Branco, coordenador do projeto inovação e sustentabilidade na cadeia de valor do Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGVCes). O problema, segundo ele, envolve não só empecilhos causados pelo ambiente regulatório como a alta carga tributária e a distância entre a academia e os centros de pesquisa. "As pequenas se ressentem da falta de acesso às áreas de compra das grandes corporações que vão viabilizar a cadeia produtiva", explica.

Para diminuir esses entraves e facilitar o ambiente de negócios, o programa da FGVCes visa aproximar as grandes empresas de seus fornecedores de menor porte e assim tornar suas operações mais sólidas. Essa parece ser a tendência também no mercado internacional. Os últimos números levantados pelo Cleantech Group, empresa americana de pesquisas sobre o mercado de tecnologias limpas, apontam que os investimentos corporativos e de risco nesse último trimestre, da ordem de US$ 1,6 bilhão, recuaram 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. A queda é reflexo da cautela dos investidores diante da turbulência do mercado internacional e da disputa de preço na área de energia solar - antes a preferida das empresas. Em compensação, grandes corporações estão mais focadas no desenvolvimento de startups, principalmente nas áreas de eficiência energética, transporte, biocombustíveis, química verde e smart grid, permitindo ganho de escala.


Fonte: Valor Econômico

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