terça-feira, 6 de novembro de 2012
Estiagem eleva custo de produção do leite
No País, preço pago ao produtor subiu 1,3% em outubro; mas oferta equilibrada do produto deixou preços estáveis no Paraná
A estiagem registrada em quase todo o País nos meses de agosto e setembro afetou a qualidade das pastagens e, somada à valorização da soja e do milho, contribuiu para a elevação do custo de produção de leite em quase todas as regiões produtoras. No entanto, a oferta do produto não chegou a sofrer grandes prejuízos, pois os bons índices de chuva durante a entressafra haviam favorecido a manutenção das pastagens.
''O inverno teve regularidade de chuvas, o que garantiu um bom índice de captação durante a entressafra e manteve a oferta de leite alta. Mas a seca de quase 60 dias ocorrida na sequência começou a refletir na qualidade do pasto a partir do meio de setembro'', descreve o veterinário do Departamento de Economia Rural (Deral), Fábio Mezzadri. Ele explica que esses movimentos mantiveram o preço do leite equilibrado no Paraná. Nos meses de setembro e outubro a média estadual paga ao produtor se manteve em R$ 0,79 por litro, valor 4,8% inferior ao praticado em setembro do ano passado, quando o litro era comercializado a R$ 0,83.
Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, na média nacional, o preço do leite recebido pelos produtores em outubro subiu 1,3% em relação ao mês anterior, chegando a R$ 0,8097/litro (preço líquido). A pesquisa tem como base a média ponderada dos valores pagos nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Já na comparação com outubro de 2011, o preço do leite apresentou um recuo de 5,5%. Diferentemente do Deral, a pesquisa do Cepea aponta que no Paraná houve alta de 1,9% na cotação do leite, que finalizou outubro com média de R$ 0,7859 por litro.
A avaliação do Cepea é de que a terceira alta consecutiva do produto é consequência da oferta reduzida de leite no Brasil, resultado da estiagem prolongada em várias regiões do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e da finalização da safra no Sul do País. O Cepea calcula que os custos de produção de leite estão cerca de 20% mais elevados que no mesmo período de 2011. ''O produtor reduziu ligeiramente a produção porque teve dificuldade de adquirir ração devido ao preço elevado dos grãos. Por usar pouca alimentação suplementar, o produtor teve menos condições de minimizar o efeito do clima nas pastagens'', analisa Mezzadri.
Em setembro, o Índice de Captação de Leite (ICAP-Leite/Cepea) registrou queda de 0,5% em relação a agosto. Em relação a setembro de 2011, o índice esteve 1,3% superior e considerando-se o acumulado em doze meses, houve aumento de 2%. No Paraná, o índice ficou praticamente estável.
Diante desse cenário, a maior parte dos agentes de mercado consultados pelo Cepea espera que os preços do leite tenham estabilidade ou alta em novembro. ''Estamos no período de início de safra e a previsão é de aumento de oferta, mas a recuperação das pastagens não ocorre rapidamente. A tendência é de que a oferta comece a se regularizar a partir de dezembro e de que tenhamos cerca de dois meses de preços estáveis'', argumenta Mezzadri. Segundo o veterinário, é possível que a partir de dezembro o preço dos produtos lácteos apresente queda, mas ainda é cedo para estimar a intensidade da desvalorização tendo em vista que a margem de ganho do produtor já está pressionada pelos custos.
Fonte: Folha Online
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