terça-feira, 16 de outubro de 2012

Petrobrás avisa que cortará projetos se não houver reajuste de combustíveis




A Petrobrás avisou seus controladores que começará a cortar projetos bilionários se não houver reajuste de combustíveis nos próximos meses, de acordo com o previsto em seu plano de negócios, segundo fontes da `Agência Estado´.

A presidente da companhia, Maria das Graças Foster, apresentou no dia 28 ao ministro da Fazenda e presidente do conselho de administração da Petrobrás, Guido Mantega, uma lista extensa de projetos que podem precisar ser suprimidos por falta de caixa.

Do ministro, Graça ouviu na ocasião que o conselho de administração da Petrobrás não é o fórum adequado para decidir sobre reajustes. Segundo as fontes, Mantega manteve a indicação de que haverá aumento, mas a data e o porcentual estão em aberto e dependem de uma complexa conjuntura inflacionária, em avaliação pelo governo. Não está confirmado ou descartado aumento ainda neste ano.

Segundo Graça, sem o reajuste de combustíveis previsto no plano de negócios da companhia para o período 2012-2016, não será possível arcar integralmente com os US$ 236,5 bilhões de investimentos programados. A Petrobrás tem tido prejuízos bilionários por precisar importar combustível a preços altos no exterior e revendê-lo internamente a preços mais baixos.

Conforme revelou a Agência Estado em junho, o plano de negócios previa naquele mês, no ato de sua aprovação, um reajuste de 15% para diesel e gasolina como premissa para financiar os investimentos.

Desde então, o governo, controlador da companhia de capital misto, autorizou dois aumentos, mas abaixo do requerido. A gasolina foi reajustada nas refinarias em 7,83% em 25 de junho. O diesel recebeu dois reajustes, um de 3,94% (25 de junho) e outro de 6% (16 de julho).

Ao apresentar a lista de projetos que poderiam ser cortados, há duas semanas, Graça pediu uma recomposição dos aumentos que não foram dados em junho. Mesmo após os reajustes, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) calcula a defasagem de preços com o mercado internacional hoje em 26%, e o prejuízo acumulado de janeiro a agosto em R$ 3,3 bilhões.

O cenário de inflação piorou nos últimos meses e altas em alimentos e serviços deixaram menos espaço para reajustes. O imposto (Cide) que amortecia as altas já foi zerado e aumentos agora teriam impacto para os consumidores.

Em um dos cenários apresentados por Graça ao governo no encontro, há duas semanas, a presidente da Petrobrás abriu mão de um reajuste neste ano, pedindo aumento único em janeiro - quando a redução de preços no setor elétrico deve dar um alívio à inflação.

Consultada, a Petrobrás disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não confirma as informações. O Ministério da Fazenda não comentou.

Fonte: Agência Estado

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