terça-feira, 30 de outubro de 2012

Maior preocupação com a queda




O mercado de açúcar fechou a semana com baixa de 88 pontos no vencimento março de 2013, cravando 19,35 centavos de dólar por libra-peso. Todos os demais meses de vencimento fecharam em quedas entre 48 e 85 pontos, ou de 11 a 20 dólares por tonelada. A pressão maior no mês incorreu a partir do vencimento julho de 2013 até maio de 2014. Com fechamento desta sexta, o mercado negociou a mínima de 4 semanas e ficou restrito a um intervalo de negociação de apenas 250 pontos nesse período, ou seja, um mercado sonolento. Aliás, pelo volume que se vê negociado, muitos traders se perguntam o porquê da bolsa precisar abrir tão cedo. O número de moagem publicado pela UNICA foi exatamente o que o mercado esperava.

Houve uma clara percepção de que mais proteção para baixa - compras de puts (opções de venda) - ocorreu durante a semana que se encerrou. Depois da semana londrina as conversas adquiriram tom mais soturno, com aquela expressão funesta de personagem de filme do Tim Burton. O ambiente macroeconômico não ajuda a melhorar os ânimos e as commodities sofreram perdas. Renovam-se os temores de queda na atividade econômica da China e os mercados agonizam. Neste mês, exceções feitas ao milho, que subiu 2,3%, e ao algodão, que subiu 1,9%, todas as commodities agrícolas caíram, lideradas pelo café com perda de quase 7% e o açúcar com 5%.

A conversa mais quente na semana do açúcar em Londres foi sobre o requerimento apresentado ao comitê de açúcar da bolsa de NY por um executivo da refinaria de Dubai para que aquele porto fosse considerado pela bolsa como ponto de entrega para o contrato futuro de açúcar da bolsa. Imagine se todas as refinarias de açúcar do mundo requeressem o mesmo. A questão conceitual que deveria nortear as discussões sobre o tema é que os pontos de entrega de commodities agrícolas devem limitar-se aos países produtores, não se estendendo a países exclusivamente importadores ou processadores sob pena de tornar a formação de preço e da base extremamente voláteis. Imagine, por exemplo, se uma refinaria importasse açúcar cubano e o reentregasse na bolsa. Com base distorcida, passível de manipulação e extremamente volátil, o contrato de NY estaria fadado ao abandono pelas tradings. Com isso, haveria dificuldade de hedge para oaçúcar, maior risco, menor fluxo comercial de longo prazo, já que o mercado começaria a trabalhar da mão para a boca, com consequências gravíssimas para os países produtores. Por fim, a bolsa emitiu nota, anunciando que a proposta havia sido retirada. E todos viveram felizes para sempre.

Um respeitado executivo de NY, voltando de Londres após a longa semana do açúcarnaquela capital, comentou que a cidade estava tão bonita, moderna e chique que "faz NY parecer Kansas City".

Nos últimos 30 pregões, a posição em aberto em NY alcançou 715.000 contratos depois de bater 664.000. O recorde dos últimos 12 meses é 784.000 e a mais baixa posição foi de 487.000. Os especuladores aumentaram suas posições vendidas e agora, estima-se, estão 25.000 contratos vendidos, ou o equivalente a 1,25 milhão de toneladas.

A BM&F Bovespa está para tirar do forno seu novo contrato futuro de açúcar 150, cotado em reais e com liquidação financeira aos moldes dos contratos anteriormente lançados de soja e milho. O contrato terá Santos como formação de preço, lote de 508 sacas (equivalente a 0,5 contrato de NY, facilitando a arbitragem com aquela bolsa) e os meses de negociação são fevereiro, abril, julho, setembro e dezembro, vencendo dia 15 de cada um desses meses citados para coincidir com o vencimento das opções sobre futuros do contrato de açúcar de NY. O índice para liquidação está em desenvolvimento, mas deverá contemplar os negócios nos mercados doméstico e na exportação (desde que para embarque em até 30 dias). Os negócios apurados na modalidade Posto Veiculo Usina terão adição de frete até o porto. A vantagem que vemos nesse contrato é que as usinas poderão fazer o hedge do açúcar em reais.

O contrato de etanol na BM&F Bovespa está com uma posição em aberto de 6.488 lotes em futuros mais 176 lotes em opções. Um acréscimo de 35% comparado há 6 semanas. Os preços na BM&F Bovespa estão muito abaixo do custo de produção, podendo ser uma excelente arbitragem (vendendo o a vista e comprando futuro)

A volatilidade do mercado nos últimos 50 dias subiu para 29,87%; a de 100 dias está em 30,95% e a de 200 dias 27,46%.

Arnaldo Luiz Corrêa
Diretor da Archer Consulting

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