terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dados do USDA impulsionam grãos, mas preços tendem a acomodação




A queda nos novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos e notícias positivas vindas da Europa, como o bom desempenho de um leilão de títulos da dívida pública italiana, deram um alívio na pressão enfrentada pelo mercado financeiro mundial nos últimos dias. A baixa do dólar ante uma cesta de moedas contribuiu para a valorização de ativos de risco (caso de commodities como ouro e petróleo), mas entre as matérias-primas agrícolas, os ganhos não foram generalizados.

Na bolsa de Chicago, os grãos receberam o estímulo dos novos números de oferta e demanda mundial, divulgados ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Houve a confirmação de que as lavouras de soja dos EUA não sofreram tanto com a estiagem quanto se imaginava. O USDA elevou em 7,9% sua estimativa para a safra 2012/13 do país ante o relatório de setembro, para 77,84 milhões de toneladas, mas compensou com um esmagamento 35% maior e uma alta de 19% nas exportações. Ainda assim, os preços reagiram bem: os contratos com vencimento em novembro (os de maior liquidez no momento) fecharam com ganhos de 1,65% (25,25 centavos), a US$ 15,4850 por bushel. ´O avanço da demanda na mesma proporção que a oferta não deveria ser novidade, dada a necessidade de racionamento da commodity, mas creio que os traders temiam uma safra ainda maior´, disse Vinícius Ito, analista do Jefferies Bache, em Nova York.

O fato é que o cenário não se mostra mais tão favorável à soja. ´Acredito que os US$ 18 por bushel não deva mais ser atingido em 2012. Talvez possa passar os US$ 16,50 com algum problema climático no Brasil´, previu Ito.

Em relação ao milho, a sinalização de uma produção americana ainda mais combalida (por conta da seca, previu-se um recuo de mais 0,2%, para 271,94 milhões de toneladas) e um novo enxugamento dos estoques fizeram o grão disparar em Chicago. Os papéis do grão com entrega em dezembro encerraram em forte alta de 4,95% (36,50 centavos), a US$ 7,7325 por bushel. A percepção é de que a tendência é um pouco mais altista para o milho do que para a soja. ´Neste último trimestre do ano, o milho pode oscilar entre US$ 7,30 e US$ 7,50 por bushel no curto prazo, mas o objetivo é US$ 8´, afirmou Ito.

Abalada por problemas climáticos na Austrália, na Rússia e na União Europeia, a safra 2012/13 de trigo foi levemente reduzida em 0,86%, para 653,05 milhões de toneladas, mas o USDA projetou uma queda nos estoques mundiais de 2,09%, menor que o previsto por analistas. Ainda assim, os contratos do cereal para dezembro subiram 1,86% (16,25 centavos) em Chicago, para US$ 8,86 por bushel.

´Eu não vejo nada que traga otimismo para o mercado de trigo. Eu acho que a commodity está no embalo da alta do milho´, disse Tom Leffler, da Leffler Commodities, à ´Dow Jones Newswires´. Daniel D´Ávila, analista da Newedge USA, aposta que os preços do cereal cedam um pouco até o final do ano. ´Acredito em algo entre US$ 7,65 a US$ 8,55 por bushel´.

Mariana Caetano
Fonte: Valor Online

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