quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cultivares de trigo mais resistente como principal desafio

Evento acontece em Não-Me-Toque, na área experimental da Filial 1 (RS 142 - Km21)

O trigo faz parte do seleto grupo de commodities agrícolas que domina tanto a produção quanto o comércio mundial de grãos. Segundo o livro recentemente lançado pela Embrapa, chamado Trigo no Brasil – Bases para a produção competitiva e sustentável (2011), na safra 2010/2011, por exemplo, conforme estimativas do USDA - World Agriculture Supply and Demand Estimates (USDA, 2011), foram produzidos 648,21 milhões de toneladas desse cereal no mundo, sendo 19,5% (126,40 milhões de toneladas) comercializados entre as nações.

O Brasil neste contexto possui uma característica peculiar, pois exporta e importa trigo. Conforme as estatísticas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2011), foram consumidas 10,465 milhões de toneladas, foram produzidos 5,882 milhões de toneladas, importados 5,907 milhões de toneladas e exportados 2,398 milhões de toneladas.

Mesmo com as intempéries climáticas ocorridas no Rio Grande do Sul no final de setembro e início de outubro, a estimativa da Conab é de um aumento na área do Rio Grande do Sul de 7%, com uma produção de até 5,3 milhões de toneladas, em 1,17 milhão de hectares.


Neste cenário, que a empresa Sementes Roos promoveu na última terça-feira (9) um Dia de Campo de Trigo, realizado em sua área experimental da Filial 1 (RS 142 - Km21), no município de Não-Me-Toque.

No evento, foram expostas através de estações técnicas, os lançamentos da cultura para 2013 e as indicações de tecnologias que incrementem os sistemas produtivos, cujas ações contaram com o apoio da Augustin - Massey Ferguson e o patrocínio da Bayer CropScience.

“Estamos passando por um momento ruim. Pois tivemos um ano do ponto de vista climático para a cultura de trigo, extremamente difícil. Primeiro com ventos fortes, depois momentos com granizo, e posteriormente com geada, na semana passada que foi muito forte. Mas não podemos nos apavorar, pois isso é histórico. Dados da Embrapa, de que o Paraná a cada 25 anos existe uma geada muito forte que liquida tudo o que tem no campo. Então isso é cíclico, por isso decidimos não cancelar o dia de campo. Nós acreditamos e queremos aproveitar, uma oportunidade de ver, cultivares que resistem mais a geada, e que se comportam melhor em anos mais difíceis”, explica o gerente técnico da E. Orlando Roos, Arlei Kriger, acrescentando que a cultura de trigo, para a nossa região, é a melhor cultura pro inverno como concorda o fundador da empresa Orlando Roos. “A região iniciou muito forte com o trigo, com a instalação das cooperativas tritícolas, porém nosso grande concorrente hoje é a Argentina, fazendo com que o trigo brasileiro ficasse com um preço mais baixo”, afirma Roos.

Muitos já dizem que a agricultura é uma indústria a céu aberto, então este fator muitas vezes desestimula o produtor que precisa sempre estar preparado para enfrentar momentos de crises. “Os prejuízos sempre existiram e continuarão existindo. Porém acreditamos fielmente aqui no RS em termos de trigo, que tem que se apostar para ganhar bastante. Se a gente tem que apostar no trigo, vamos apostar para colher 80, 90, e daqui a pouco vamos chegar a 100 sacos sem problemas. A genética está chegando para isso, o manejo das culturas está chegando para isso.

“Acreditamos que o RS será um grande celeiro de trigo, pois tem todas as condições de ser o maior produtor de trigo, como umidade, tecnologia e fator humano”, afirma o gerente executivo da Biotrigo Genética, Otoni de Souza Rosa Filho.


A empresa E. Orlando Roos Ltda, prezando pelas novas tecnologias e investimentos em genética, com muito sucesso realizou seu Dia de Campo, abrindo sua área experimental ao público, e realizando seu papel mais uma vez, de fomento da agricultura da região, colaborando para aumentar a rentabilidade dos produtores rurais do Estado.

“Temos solos muito caros para ficar um inverno todo parado. Precisamos encontrar uma maneira de fazer com que o trigo seja rentável. E a empresa contribui para isso com genética. Nosso principal fator, que não deixa de ser agricultura de precisão, pois precisamos colher precisamente a variedade certa para cada agricultor, para cada tipo de solo, e isso a gente busca a cada ano, por isso é que são lançadas diversas cultivares de trigo”, conclui o gerente técnico, Arlei Kriger.

Sucessão familiar em empresas rurais

Na abertura do Dia de Campo, os produtores rurais presentes foram oportunizados com a palestra do Advogado Alexandre Barafaldi, sobre o tema “A sucessão familiar como um fator de sucesso e continuidade da agricultura”.

“Convidamos o Dr. Alexandre porque estamos pensando muito neste tema, e pensamos que não existe empresa familiar, tanto agrícola quanto de qualquer comércio, sem problemas familiares. E este assunto precisa ser mais bem trabalhado, e para isso precisa de muito diálogo.

Queremos colocar um ponto de interrogação para todos os agricultores, para que eles comecem a pensar nisso, pelo menos pensar, para que as empresas continuar sendo sustentáveis”, explica Kriger.

A cada 40 anos, as lavouras brasileiras trocam de mãos. No Rio Grande do Sul, 85% das empresas rurais não passam da segunda geração, e estas terras vão parar nas mãos dos grandes produtores. Nos EUA, tem empresas que estão na quarta ou quinta geração, e com isso estamos falando de 100 anos com a mesma família de proprietária. No Japão, as terras ficam com as mesmas famílias, há duzentos, trezentos anos. Por isso a importante missão de pensarmos em um futuro das empresas.

“A sucessão familiar é muito interessante, porque eu herdei as terras do meu pai, e eu estou tocando as lavouras, e quero que meu filho continue gerenciando, porque se não vai ficar na mão do grande, do latifundiário”, afirma o produtor rural de Ernestina que participou do Dia de Campo, Pedro Adeli Tranquoso de Britto.


Fonte: Diário da Manhã

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