sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Fabricantes tentam aumentar o plástico nos carros




As indústrias químicas estão buscando novas oportunidades para elevar sua participação no setor automobilístico, substituindo metais, como aço e alumínio, pelos chamados plásticos de engenharia. Atualmente, cada carro já tem de 10% a 15% de plásticos em sua composição e a expectativa é de que possa subir para até 25% nos próximos anos.

Um automóvel de passeio comum, como o modelo Gol, por exemplo, pesa em torno de 900 quilos a uma tonelada, em média. A expectativa é de que com mais plásticos em sua composição, o veículo fique mais leve e emita menos CO2. Esse conceito faz parte do chamado carro sustentável.

A expectativa é de que a demanda por mais plásticos na composição dos automóveis cresça de 5% a 7% ao ano até 2020, segundo especialistas ouvidos pelo Valor.

No Brasil, boa parte dos plásticos utilizados na composição dos veículos é produzido a partir do polipropileno (PP), considerado menos resistente e mais caro que os plásticos de engenharia. Segundo Andreas Scheurell, diretor-geral da divisão de materiais de alta performance (HPM, na sigla em inglês) do grupo químico alemão Lanxess, os plásticos de engenharia, como o polibutileno tereftalato (PBT) e o poliamida (PA), são mais eficientes em relação à leveza e resistência do veículo.

No entanto, o Brasil ainda utiliza uma espécie de plástico híbrido com o metal, enquanto em países mais desenvolvidos o plástico de engenharia já é utilizado.

A Lanxess vai colocar em operação no Brasil uma fábrica de PBT e PA em Porto Feliz (SP) a partir do terceiro trimestre de 2013. Segundo o executivo, a companhia já tem conversas com montadoras instaladas no país para discutir a substituição dessas matérias-primas nos veículos. Essa unidade terá capacidade para produzir 22 mil toneladas desses produtos por ano e terá capacidade para expandir sua capacidade, caso a demanda cresça.

O grupo alemão inaugurou ontem uma unidade de plásticos de engenharia em Gastonia, na Carolina do Norte, com capacidade para 20 mil toneladas por ano. Esses produtos podem ser adicionados a aditivos e fibras de vidro, conforme a demanda de cada cliente.

Atualmente, os plásticos de engenharia estão mais presentes em carros de luxo. Segundo Josef Kerscher, presidente da unidade da BMW da Carolina do Sul, a companhia tem buscado nos últimos anos trabalhar com matérias-primas sustentáveis em seus veículos. A unidade da BMW em Carolina do Sul produz um veículo por minuto e cada um deles já tem um comprador garantido. Cerca de 70% da produção daquela unidade é exportada e uma pequena parte chega ao Brasil, segundo o executivo, sem especificar o volume. De acordo com Kerscher, a companhia voltou a fazer contratações depois da crise global e o setor automobilístico está em recuperação.

Além dos plásticos, a busca por borrachas de alta performance, com matérias-primas sustentáveis, está entre os desafios das indústrias. Hoje a Lanxess possui o chamado pneu "verde", produzido com matéria-prima de alta performance, o que permite melhor desempenho com a redução do uso de combustíveis.

Christoph Kalla, coordenador de Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da unidade de negócios de performance de borracha de butadieno da companhia, diz que pesquisa matérias-primas mais sustentáveis para a produção de pneus sustentáveis.

Atualmente há pesquisas nos EUA para a produção de pneus a partir de matéria-prima butílica, com base em moléculas de milho (o milho é a principal base para a produção deetanol nos EUA). No Brasil, as pesquisas giram em torno do eteno com origem no etanolde cana, produzido pela Braskem, concorrente com a Lanxess em butadieno.

A Lanxess produz pneus de alta performance no Brasil na fábrica de Cabo de Santo Agostinho (PE). "Essa unidade do Brasil é considerada ´benchmark´ nesse quesito", disse Kalla.

Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico

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