sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Primeira usina de etanol celulósico do Brasil deve iniciar operações em 2013
Começará em setembro a construção da primeira usina de etanol celulósico do Brasil, prevista para iniciar operações na cidade de São Miguel dos Campos, no Estado de Alagoas, a partir do quarto trimestre de 2013. Iniciativa da empresa paulista de soluções em biotecnologia GraalBio, a planta industrial terá uma produção anual de 82 milhões de litros de etanol de segunda geração, produzido com bagaço e palha de cana-de-açúcar, de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico. O texto "Segunda geração já perto de ganhar escala industrial", de autoria de Genilson Cezar, publicado em 24 de julho, destaca que essa é a primeira investida no Brasil em escala industrial para a produção do biocombustível com biomassa.
Em entrevista ao jornal, Bernardo Gradim, presidente da GraalBio, ressaltou que o volume proveniente dessa planta terá um impacto pequeno no total de etanol produzido no País, cerca de 24 bilhões de litros por ano, mas classificou a iniciativa como pioneira. "Representa uma oportunidade de uma nova fronteira tecnológica, que pode adicionar valor agregado à produção existente", disse. "Se a tecnologia funcionar, como esperamos, as chances de aumentar a capacidade produtiva de etanol de primeira geração são muito grandes", previu Gradim.
Potencial crescimento da produção
Em comunicado divulgado para a imprensa, a GraalBio informa que a biomassa da cana proporciona um potencial de ampliação de mais de 35% da produção nacional, sem investimentos adicionais em terras e sem competir com a produção de alimentos. Segundo a empresa, a produção de segunda geração se apresenta como "uma solução potencial para o déficit anual de um bilhão de litros".
O investimento total será de R$ 300 milhões, sendo R$ 170 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), afirma o texto. A ideia da empresa é construir mais quatro usinas de etanol celulósico nos próximos anos, uma delas na Bahia.
Projetos e parcerias
Os planos da companhia paulista incluem também a instalação, em Alagoas, de uma estação agrícola experimental para desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar com alto teor de fibras, e, em Campinas (SP), a construção de uma planta piloto para desenvolvimento de rotas químicas e a implantação de um centro de pesquisas para desenvolvimento de organismos geneticamente modificados para produção de bioquímicos e biocombustíveis.
Na usina alagoana de etanol celulósico, a GraalBio contará com a parceria com as empresas BetaRenewables e Chemtex, ambas afiliadas do grupo italiano Mossi&Ghisolfi, responsável pela tecnologia PROESA, de pré-tratamento e conversão de biomassa. Essa tecnologia permite a conversão de diversos tipos de matéria-prima em biocombustíveis e bioquímicos. Além disso, a dinamarquesa Novozymes fornecerá as enzimas e a holandesa DSM, as leveduras.
Produção de enzimas no Brasil
O Valor Econômico informou que a Novozymes pretende construir uma fábrica de enzimas no Brasil especificamente voltada para o mercado de etanol celulósico, mas que depende da definição da GraalBio sobre a localização das outras quatro usinas. "Também pode ser em São Paulo, Estado que concentra a maioria das 400 usinas de cana-de-açúcar, que também poderão ser usadas para a produção de biocombustíveis de segunda geração", declarou Pedro Luiz Fernandes, presidente regional para a América Latina da Novozymes, em entrevista ao jornal.
Em maio, a joint venture Raízen, parceria entre a Royal Dutch Shell e a Cosan, anunciou planos para investir no mercado de etanol celulósico. O projeto consistia na construção de uma usina para produção do combustível com capacidade para 37,8 milhões de litros por ano. De acordo com o Valor, apesar de já ter um projeto aprovado pela Finep, a Raízen "discute outras oportunidades na área de produção de biocombustíveis de segunda geração".
Guilherme Gorgulho
Fonte: Inovar
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