quinta-feira, 3 de maio de 2012
Gangorra das cotações
Enquanto estimativa de superoferta deprime preços do milho, demanda à soja traz valores recordes a MT
As cotações para duas das principais commodities agrícolas de Mato Grosso, soja e milho, que vinham em ascendência desde o final do ano passado tomaram trajetórias diferentes, com um milho pressionado pela estimativa de superoferta na atual temporada – puxada pelos Estados Unidos e Brasil (Mato Grosso) e por uma soja valorizada desde o grão até os seus principais derivados. A edição de número 200 do Boletim Semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgada ontem, mostra que enquanto a saca do milho perdeu 15% do seu valor, a da soja em grão valorizou exatamente o dobro.
Mesmo observando variações diferentes dentro do complexo soja, a valorização existe em maior ou menor grau aos derivados, cenário oposto ao do milho. Como destaca o Boletim, os preços dos produtos derivados do processamento da soja, farelo e óleo vêm tomando sentidos diferentes decorrente da demanda, mas todos em elevação, graças à demanda emergente e urgente do mercado consumidor. Conforme dados do Usda, os países asiáticos continuam com grandes volumes de importação de farelo de soja.
O Imea exemplifica a situação considerando duas importantes praças, regiões que concentram grande parte do processamento de soja de Mato Grosso, Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá) e Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte). O preço do farelo para exportação subiu 25,6% e 23,2%, respectivamente, desde o início do ano. O preço médio, que iniciou 2012 a R$ 585 por tonelada, agora atinge R$ 723, e a alta média de 23% confirma uma demanda mundial aquecida, principalmente pela avicultura, e uma oferta não tão grande pelos países da América do Sul.
Em contrapartida o preço do óleo não tem crescido tanto, pois a demanda não é a mesma que a do farelo. Em média para o Estado, o preço do óleo para exportação valorizou menos que o do farelo, 15% de janeiro a abril, e metade do que o do grão para exportação, que valorizou mais de 30%.
A moeda norte-americana, que é uma das condicionantes da elevação do preço da soja mato-grossense, como frisa o Imea, está sinalizando aumento nos preços para pagamento futuro. Os compradores fecharam negócios com preços livres de taxas, acima de R$ 50/sc em grande parte do Estado, fechando mais uma semana de preços recordistas ao produtor mato-grossense que tem grão disponível no momento.
Em Primavera do Leste a média semanal foi de R$ 52,75/sc, valorizando 1,71% no decorrer da semana. Em Diamantino a média alcançou R$ 51,48/sc, alta de 0,97%. Sapezal teve sua média em R$ 50,43/sc, aumentando 3% na semana. Os preços cotados na sexta-feira (27) agitaram mais o mercado, fechando em Primavera do Leste a R$ 53,50/sc, em Diamantino, a R$ 52,00/sc, e em Sapezal a R$ 51,50/sc.
CEREAL - Os preços do milho continuam em queda constante, desde quando os principais países produtores do mundo, exceto a Argentina, anunciaram aumentar a produção e, em contrapartida, a demanda não acompanhou esse crescimento. Em Mato Grosso, a queda vem ocorrendo e já é de 15% sobre o maior valor registrado no Estado desde o início de 2012, R$ 22,90 por saca em Rondonópolis. Somente na última semana as perdas somaram 6,75%.
Como destaca o Boletim, assim que os Estados Unidos anunciaram uma área histórica do cereal, o mercado reagiu negativamente e esse movimento baixista atingiu os preços para exportação. “O valor pago pela saca para exportação que estava em US$ 15,76/sc em janeiro caiu para US$ 15,26/sc em março, redução de 3%. No mesmo período do ano passado em Rondonópolis o preço estava se mantendo elevado, em torno de R$ 22 a saca, valor que, se comparado ao atual – R$ 19,50, fechamento da última sexta-feira -, era mais de 13% superior.
O Instituto avalia que como ainda não existe um suporte para esses preços, ou seja, algo que garanta que toda a produção projetada será consumida, a tendência é de que o mercado do milho continue se desvalorizando, com média atual de preço próxima de R$ 17/sc. Mato Grosso, por exemplo, maior produtor do milho segunda safra, tem estimativas de elevar a produção em 68%, com uma colheita de 10,73 milhões de toneladas ante 6,99 milhões da temporada anterior.
MATO GROSSO – A queda chegou a até 9% em algumas praças de Mato Grosso. No médio norte a variação média semanal foi de -4,86% e no Estado foi de -6,75. O município de Campo Novo do Parecis foi o que obteve a maior queda da saca de milho, com desvalorização de 9,33%, fechando a semana em R$ 17/sc. A menor variação ocorreu em Lucas do Rio Verde, 6,13% negativos, sendo indicado R$ 16,90/sc. Em Sorriso a saca de milho iniciou a semana valendo R$ 18,25 e encerrou a sexta-feira cotada a R$ 16,60/sc, queda de 9,04%. Já em Rondonópolis a saca estava valendo R$ 20,80 na segunda-feira (23), fechando a semana a R$ 19,50, variação semanal de -6,25%.
Fonte: Diário de Cuiabá
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