sexta-feira, 4 de maio de 2012

Fepagro investiga resistência em carrapatos

O Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), unidade da Fepagro em Eldorado do Sul, incluiu o exame de resistência a ivermectina entre os testes de rotina realizados em amostras de carrapato bovino (Boophilus microplus) enviadas para análise. A ivermectina é uma droga extensivamente usada no Brasil contra o parasito, considerado a praga mais importante para o rebanho bovino no país. Pesquisa do veterinário Guilherme Klafke, do IPVDF, demonstrou a presença disseminada de carrapatos resistentes a ivermectina no estado de São Paulo.

Resultados preliminares obtidos na pesquisa indicam a ocorrência de carrapatos resistentes no Rio Grande do Sul. A distribuição das populações resistentes deve ser determinada ao longo deste ano e de 2013. O primeiro relato de resistência a esta classe de drogas foi divulgado em 2001, com o trabalho do também pesquisador do IPVDF, João Ricardo Martins.

No Brasil, a infestação por carrapatos causa prejuízos anuais aos produtores de cerca de US$ 2 bilhões devido a menor produção de leite, ao menor ganho de peso, aos danos ao couro, a transmissão de doenças (Tristeza Parasitária Bovina) e aos custos com o controle, entre outros. “A realização do exame de resistência é importantíssimo para a indicação do produto mais adequado ao controle, dentro de um sistema racional de utilização de carrapaticidas”, comenta Klafke.

A pesquisa do veterinário foi apresentada como tese de doutoramento na Universidade de São Paulo (USP), em 2011. Ela abordou as técnicas diagnósticas e a determinação dos mecanismos fisiológicos de resistência do carrapato à ivermectina. No estudo, foram isoladas e mantidas linhagens resistentes, para investigar a evolução da resistência.

A ferramenta diagnóstica desenvolvida está sendo utilizada por diversos centros de pesquisa em toda a América Latina para monitorar a resistência a ivermectina. Essas informações poderão ser úteis para delinear estratégias para o manejo da praga em programas de controle. Conforme Klafke, os estudos poderão servir de base para a prospecção de compostos que potencializem a ação da droga sobre os carrapatos e ainda abrir perspectivas para a identificação de marcadores moleculares para o diagnóstico e monitoramento da resistência à substância.

O tema foi discutido no IPVDF no último dia 19, quando Klafke apresentou os resultados de sua tese (que contou com apoio do CNPq e da Fapesp) aos demais pesquisadores. O trabalho pode ser parcialmente conhecido através do artigo “Applicability of in vitro bioassays for the diagnosis of ivermectin resistance in Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae)”, publicado em edição recente da revista Veterinary Parasitology (disponível no link HTTP://dx.doi.org/10.1016/j.vetpar.2011.09.018) e na versão on-line completa da Tese (http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42135/tde-26102011-091517/)


Fonte: Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul

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