segunda-feira, 16 de abril de 2012

Vale do Araguaia na Rota do álcool




O projeto criado pelo Sindicato do Setor Sucroalcooleiro de Mato Grosso (Sindalcol) em 2008 para transformar o Araguaia num grande celeiro da cana-de-açúcar ainda não saiu do papel. O principal entrave, de acordo com o diretor administrativo da entidade, Jorge dos Santos, é a faltla de interesse do Governo Federal em investir na construção de um "alcooduto", sistema que poderia impulsionar o setor e colocar o etanol no rol de importações de Mato Grosso.

A região incluída no projeto envolve os municípios de Torixoréo, Alto Taquari, Santo Antônio do Leste e toda a área de influência da BR-158, até a divisa com o estado de Goiás. Jorge dos Santos explica que há grandes áreas passíveis de serem transformadas em plantações, dando um impulso extraordinário na economia da região e melhorando sobremaneira a qualidade de vida da população. "Essa região enfrenta muitos problemas, principalmente falta de oportunidades. Com a instalação de usinas, teremos inúmeras novas vagas no mercado de trabalho", prevê o diretor.

Porém, para que Mato Grosso se transforme no maior produtor de cana do país é preciso garantir o escoamento do produto, tanto da região do Médio Norte, principal produtor do Estado, quanto do Araguaia, cujo potencial está na mira do setor.

A Ferrovia Vicente Vuolo - há décadas em construção em Alto Taquari - seria uma saída. Porém, para Jorge dos Santos, somente o alcoolduto garantiria a logística perfeita porque interligaria as regiões produtoras de Mato Grosso com Goiás e colocaria os subprodutos da cana (etanol e açúcar) na pauta de exportações.


ato Grosso, segundo dados do Sindalcool, produz 800 milhões de litros/safra. Se o Governo Federal garantisse a logística - neste caso o alcoolduto -, o Estado passaria a produzir 7 vezes mais, já que seria possível concretizar o projeto do Araguaia. Isso significa saltar a produção para 5,6 bilhões de litros/safra.

"O que falta para que essa projeção seja concretizada, na verdade, é vontade política do Governo Federal, que nos últimos anos voltou seus olhos apenas para combustível fóssil, supervalorizando o pré-sal", analisa o diretor, bastante taxativo: "Se o governo garante a logística, nós garantimos capacidade de produção e qualidade de vida à população das regiões produtoras".

Para o setor sucroalcooleiro de Mato Grosso, a questão da logística de transporte é a principal saída para que o Estado chegue aos mercados internacionais. Hoje, explica Jorge dos Santos, o setor perde em competitividade porque o álcool percorre longas distâncias até chegar às refinarias. São 1,6 mil km para chegar à refinaria de Paulínia (SP). Com o álcoolduto saindo de Goiás, esta distância será encurtada pela metade, dando mais competitividade ao produto.

De acordo com levantamento do Sindalcool, o custo do transporte até aos portos exportadores chega a ser até quatro vezes mais do que o custo entre os portos e o porto de Amsterdã, na Holanda. Enquanto a despesa com frete chega a US$ 80 por tonelada transportada da região Sul do Estado aos portos de exportação, no trajeto porto-Amsterdã este custo cai para US$ 20, representando uma diferença de 75%.

Sandra Carvalho
Fonte: Portal Circuito Mato Grosso

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