Com o momento desfavorável ao cultivo do trigo, fica a dúvida para o produtor que já está plantando a safra de inverno ou que está esperando a colheita do milho safrinha para apostar em outra cultura. Para os especialistas do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), existem opções que podem trazer muitos benefícios ao campo, culturas tradicionalmente fora do circuito comercial, mas fundamentais para o equilíbrio do solo e da produção agrícola.
O pesquisador Ademir Calegari afirma que os problemas com o solo estão aumentando por falta de manejo adequado, baixa diversificação de cultivos e, em alguns casos, uso excessivo de produtos químicos. Isso deixa a lavoura mais suscetível, a produtividade baixa quando o solo não está em boas condições de nutrir bem as plantas. “Não é muito fácil mensurar os efeitos positivos da rotação de cultura a médio e longo prazo, tendo em vista que estamos lidando com fatores biológicos, ambientais, mas num curto espaço de tempo o produtor vai perceber um aumento de produtividade”. Segundo Calegari, a produção pode ser de 5 a até 30% maior na safra de verão.
Ainda de acordo com o pesquisador, existe uma área muito grande, de aproximadamente 2,8 milhões de hectares no Paraná, que fica descoberta no outono/inverno. “Neste local só vai crescer mato. Isso é um pecado”, lamenta Calegari. Mesmo do ponto de vista do custo, não vale a pena deixar a terra em pousio. Conforme ele, o produtor pode produzir a própria semente de planta de cobertura de forma que o valor não passe de R$ 0,50 o quilo.
Calegari lembra, porém, que antes de tomar uma medida, o ideal é fazer um diagnóstico da área. “Depois disso, dá pra saber se a melhor opção é aveia, nabo forrageiro, ervilhaca, tremoço, azevém, ervilha forrageira ou mesmo uma associação de diferentes espécies. São opções consolidadas, com resultados consistentes de pesquisa”, salienta.
Aveia – Para o pesquisador Luiz Antônio Odenath, investir na aveia é uma boa opção no inverno. Se o agricultor escolher utilizar a espécie como planta de cobertura, Odenath recomenda a aveia preta IAPAR 61, que é rústica, tem grande produtividade e faz sucesso há muitos anos no mercado. “Nos ensaios conduzidos em quatro estados (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo) a cultivar produziu 8,5 toneladas de matéria seca por hectare. Isso faz dela uma unanimidade no setor”.
Odenath faz uma ressalva, porém. “O preço da semente da IAPAR 61 é alto, em torno de R$ 1,60 o quilo. Isso ocorre porque o produtor de semente tem a produção da safra de verão prejudicada em virtude de seu ciclo longo”. Ele lembra que este é o último ano para plantio de variedades de aveia sem origem, que custam em torno de R$ 0,20 o quilo. “Com isso, o agricultor terá que optar por uma semente registrada e, nesse sentido, a Iapar 61 é imbatível”, afirma.
Caso a ideia seja o uso como forrageira, o pesquisador recomenda a variedade de aveia branca IPR 126, também um material de elevada produtividade, que se sobressai como opção de alimentação para o gado no inverno. “Ela é mais suscetível a doenças que a IAPAR 61, mas como o produtor vai cortar a parte da planta onde há maior incidência, ela dificilmente vai apresentar problemas”, explica.
Ainda de acordo com Odenath, o longo ciclo da cultivar permite fazer de dois a cinco cortes, dependendo do local, o que assegura o fornecimento ao longo dos meses de inverno, período crítico para alimentação do rebanho em virtude da escassez de forragem. “Se o produtor preferir, ele pode fazer silagem e guardar o produto”, acrescenta.
Fonte: Iapar
Nenhum comentário:
Postar um comentário