terça-feira, 3 de abril de 2012
65% dos canaviais paulistas mecanizaram a colheita
A mecanização nas lavouras de cana-de-açúcar de São Paulo alcançou a marca de 81,3% das usinas e 24,2% dos fornecedores do Estado na safra 2011/12, segundo novo balanço do Protocolo Agroambiental da Cana-de-Açúcar. Isso representa uma área de 3,12 milhões de hectares mecanizados - ou 65,2% de toda cana plantada no Estado, segundo a Secretaria de Meio Ambiente. Na safra passada, esse percentual era de 55,6%.
34,8% da área ainda tem colheita pelo processo tradicional, que inclui queima e corte manual.
O uso de máquinas na colheita da cana-de-açúcar resulta em redução da emissão de gases poluentes e de efeito estufa.
São Paulo responde por 70% da produção de cana-de-açúcar no Brasil e 17% da produção deetanol no mundo. A previsão estadual para a safra 2011/12 é de 5,4 milhões de hectares plantados.
Em 2007, o governo estadual e a Unica (entidade que representa as usinas do Centro-Sul) assinaram acordo - o Protocolo Agroambiental - para antecipar o fim das queimadas na colheita e a consequente redução das emissões de gases-estufa do segmento.
A meta é colher com máquinas 100% da cana plantada em áreas planas até 2014, e nas áreas acidentadas, até 2017. Em novas áreas de plantio, a mecanização é obrigatória.
"Nesse ritmo, atingiremos a meta antes", disse o secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). O resultado positivo se deve à importância do selo ambiental concedido anualmente às usinas e produtores independentes que aderiram (e cumprem) o acordo, estima o secretário. "O protocolo não tem poder de lei. O produtor está na agenda ambiental porque os grandes compradores exigem isso", diz o secretário.
Com os avanços já obtidos, o governo calcula que deixaram de ser jogados na atmosfera 16,7 milhões de toneladas de poluentes, sendo 2,7 milhões de CO2 equivalente. Um ganho ambiental equivalente à retirada de circulação de 47.128 ônibus por um ano.
O secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas, ressalta a importância da cana no Estado, uma vez que a cultura ocupa 25% da área agriculturável. Ele explica que um dos problemas para o aumento da mecanização da colheita está nos pequenos produtores.
"Uma máquina custa R$ 1 milhão. É muito dinheiro para o pequeno investir, mas agora a Secretaria da Agricultura chegou a um modelo e teremos uma linha de crédito para esse produtor rural."
De acordo com o secretário, ao contrário do que se supunha, a mecanização não provocou desemprego. Hoje, são gerados 20 empregos por máquina, que colhe de 100 mil a 120 mil toneladas na safra. No processo tradicional um homem colhe uma tonelada por dia e, durante a safra, 1.900 toneladas.
O levantamento da secretaria indica que na safra 2006/2007 a colheita no modelo tradicional empregava 88.833 cortadores manuais e 15.060 trabalhadores qualificados para trabalhar na colheita mecanizada. Hoje são 61.871 manuais e 56.829 qualificados. Aumento de 14% nos postos de trabalho.
"Começamos pela cana porque é o setor mais organizado, mas já estamos em conversas finais para estender o protocolo a outras culturas", disse Covas. Um acordo ambiental técnico já foi firmado com o setor de papel e celulose para institucionalizar práticas como manejo de resíduos e eficiência no uso de água, e deve ser anunciado formalmente em maio.
Apesar de seu impacto positivo na qualidade do ar, o protocolo apresenta um efeito colateral perverso: o aumento de estoque de palha deixado nos canaviais. "Após a colheita, parte da palha deve ficar no solo para servir de matéria orgânica e proteção, mas a outra metade deveria ser removida", diz Ricardo Veigas, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da secretaria.
Segundo a secretaria, são 39 milhões de toneladas de palha deixadas nos 3,12 milhões de hectares mecanizados. Daqui a quatro anos, serão 70 milhões de toneladas por ano.
"Se metade dessa palha fosse usada para a geração de energia, seria possível obter 1.124 MW, 25% do potencial de geração de Belo Monte, que é calculado em 4.572 MW. "Com o uso de metade da palha para geração de energia, o Estado passaria a ter 60% da sua matriz energética proveniente de fonte renovável ante 56% hoje", explica Covas.
No que se refere à recuperação da mata ciliar nas propriedades agrícolas, o setor deixou a desejar: apenas 16 mil hectares de um total de 269.977 foram recuperados desde o início do protocolo em 2007.
Quanto à redução do consumo de água, outro item previsto no protocolo, 41% das usinas consomem abaixo de 1 metro cúbico por tonelada de cana processada. A meta do protocolo é a de que o setor chegue a 2014 consumindo no máximo 1 m3 por tonelada de cana.
Fonte: Portal Webionergias
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