quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Café: com safra menor no Brasil, ABN Amro vê preço firme

Os preços globais do café devem permanecer firmes na primeira metade deste ano por causa de uma colheita menor no Brasil e de um consumo provavelmente forte, informou nesta quarta-feira o ABN Amro.

O banco holandês prevê que os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) beirem 230 cents por libra-peso nos próximos três meses, e 210 cents por libra-peso nos 12 meses que estão por vir.

"Apesar da resistência dos preços do café, o consumo global continuará animador, com o aumento mais significativo em países exportadores, seguidos por mercados emergentes", revelou o ABN Amro em um relatório trimestral de perspectiva para a commodity.

O Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo, atualmente está em um ciclo de baixa produção.

O banco alertou que as atuais estimativas da produção e do consumo mundiais no ano-safra 2011/12 apontam para um déficit de oferta e um declínio das reservas globais, com a relação estoque/uso no menor nível já registrado. O ABN Amro acrescentou que os preços do café devem ficar sob pressão na segunda metade deste ano por causa do excesso de grãos na temporada 2012/13, quando o Brasil entra em um ciclo bianual de alta produção, contribuindo para a elevação dos estoques. As informações são da Dow Jones.



Produtos concorrentes frustram aumento do consumo de café em 2011

O consumo de café no Brasil cresceu 3,11% em 2011 em relação ao ano anterior, para 19,72 milhões de sacas de 60 kg, mas ficou abaixo das expectativas iniciais da indústria, que eram de aumento de 4% a 5% no ano. O aumento do consumo de produtos concorrentes no café da manhã pode ser uma das justificativas para o desempenho aquém do esperado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).


De acordo com a Abic, o café tem forte presença no consumo doméstico, com penetração de 95%, mas esse índice se manteve estável no ano passado. Outros produtos, porém, cresceram acima de 20%, como foi o caso do suco pronto (24%) e das bebidas à base de soja (29%). O presidente da Abic, Américo Sato, considera que o café pode manter e até elevar presença por meio da qualidade, produtos diferenciados e certificados. "O consumidor começa a constatar que existem cafés de diferentes qualidades, com atributos próprios. Também é preciso educar o consumidor sobre os benefícios do café, que é uma bebida saudável", afirmou Sato, durante entrevista para divulgar os resultados do setor em 2011.

Ele afastou a hipótese de desaceleração do crescimento do consumo de café provocado pelo aumento dos preços do produto. "Apesar dos reajustes, o preço do café não representa muito no bolso do consumidor", explicou. De acordo com ele, o café ainda é bebida relativamente barata para a população. O vice-presidente da Abic e também presidente da Melitta do Brasil, Bernardo Wolfson, argumentou, ainda, que "mais pessoas estão trabalhando" e, portanto, com renda para consumir produtos, entre eles o café. Ele acrescentou que "o jovem com menos de 18 anos ainda consome pouco café no Brasil", e é um público a ser cativado.

Com relação ao reajuste de preço ao consumidor para acompanhar o aumento da cotação do grão no mercado internacional, o presidente da Abic afirmou que "não devemos ter grandes aumentos este ano porque a produção deve ser grande". A safra brasileira em 2012 está estimada em recorde de 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas.

Apesar da grande safra brasileira, outros países produtores, principalmente da América Central, e a Colômbia, têm enfrentado problemas climáticos, como excesso de chuvas, que vêm comprometendo a produção nos últimos anos. "A perda de produção de café arábica em países importantes, com redução de estoques mundiais e no Brasil, junto com consumo mundial crescente, irá pressionar os preços da matéria-prima, especialmente no primeiro trimestre do ano", comentou Sato, em comunicado da Abic. "A tendência é de alta nas cotações, mas não se sabe quanto", afirmou.

A indústria de café estima que o preço da matéria-prima subiu cerca de 70% nos últimos cinco anos. No período, a indústria teria repassado, no máximo, 20%. "Não se consegue fazer o repasse imediato", disse Sato, em grande parte por causa da negociação com as redes de varejo. A meta da Abic para o consumo interno é alcançar 21 milhões de sacas em 2013. Ultrapassar os Estados Unidos, que atualmente consomem cerca de 23 milhões de sacas, deixou de ser objetivo imediato. Segundo o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, isso vai ocorrer naturalmente. "Um dia passaremos à frente", garantiu.

Fonte: G1 / Ag. Estado

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