A expectativa é grande no terceiro maior exportador de peras ao Brasil. Com as vendas estimadas em 9,5 mil toneladas para a safra 2011/12, crescimento de 15% sobre a temporada anterior, os produtores dos EUA têm pressa. Em meio à concorrência das espanholas e portuguesas, os próximos quatro meses, período que coincide com entressafra das peras da Argentina, principal fornecedora da fruta ao país, são considerados fundamentais.
"É nossa única janela para exportar ao Brasil", diz Jeff Correa, diretor de marketing internacional da Pear Bureau Northwest (USA Pears), associação de produtores dos Estados de Oregon e Washington, que representa 84% de toda a oferta de peras dos EUA e 93% das exportações do país.
Apesar do pequeno volume, se comparado à Argentina, que exportou 151,3 mil toneladas da fruta em 2010 - os EUA atingiram 7,1 mil toneladas no período -, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior compilados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o Brasil é um país estratégico para o USA Pears.
Ainda que tenha perdido para a Rússia o posto de terceiro maior mercado para a pera americana em 2010, o Brasil consome 6% da produção total da entidade, volume que está em risco.
Com a concorrência das peras provenientes da Espanha e de Portugal, segundo maior exportador da fruta ao Brasil, os americanos temem perder mercado. "Podemos dizer que as importações europeias são uma ameaça, sim", revela Correa. De acordo com ele, a Espanha deve, inclusive, ultrapassar os Estados Unidos no ranking de exportadores.
Representante comercial da USA Pears no Brasil, Francesco Sicherle diz que a perda de competitividade da pera americana deve-se aos custos de frete e ao tempo de transporte. Enquanto nos Estados Unidos a fruta leva 35 dias para chegar ao Brasil, a um custo médio de US$ 7 mil por contêiner, na Europa é possível trazer em 17 dias, por menos de US$ 1 mil, explica Sicherle. Para ele, se o tempo de transporte fosse similar ao europeu, as exportações de pera americana ao Brasil poderiam aumentar em até 30%.
O tempo de transporte também prejudica as mudanças de estratégia durante a safra. "Nosso tempo de resposta é maior" em relação ao dos concorrentes, diz o representante da USA Pear. "Se o mercado muda, com o crescimento da demanda, não conseguimos reagir a tempo", acrescenta. Além do mais, diz ele, por ser uma fruta bastante perecível, "o tempo acaba ditando o volume comercializado".
Questionado sobre a recente valorização da moeda americana, que em tese traria mais dificuldades às exportações de pera, Sicherle se diz otimista. "Você tem os oportunistas de momento. Com o real valorizado, havia muita concorrência, o que saturava o mercado. Agora, você seleciona o time de importadores".
Típicas de regiões de clima temperado, a oferta de peras no país é majoritariamente importada. No Brasil, a produção estimada é de 20 mil toneladas da fruta por ano, com Rio Grande do Sul e Paraná respondendo por 75% do total. O consumo, no entanto, gira em torno de 210 mil toneladas, segundo o Ibraf.
Fonte: Valor Econômico
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