Cortes de empregos refletem queda da safra de cana-de-açucar e fatores nacionais, aponta Fiesp

O corte significativo de 6 mil empregos na indústria paulista no mês de setembro foi o menor nível no mês desde 2006, quando o índice passou a ser pesquisado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp/Ciesp.

Segundo André Rebelo, assessor de assuntos estratégicos da presidência da Fiesp, o resultado foi previamente esperado desde o início do ano pela federação.

"Estava contratado, combinado, devido às restrições do crédito e às decisões do corte da taxa de juros", afirmou. "O que estamos vivendo nesse semestre é resultado do que foi feito de dezembro para cá", declarou, em relação às decisões de cortes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

De acordo com Rebelo, as últimas decisões do Copom em relação à taxa de juros só serão sentidas mais à frente.

Outro motivo apontado pelo assessor para a drástica redução de empregos na indústria de São Paulo são os fatores internos e a queda da safra de cana-de-açúcar, que reduziu a produção de álcool e açúcar.

"Ainda não podemos associar à crise", afirmou, explicando que o resultado ainda é reflexo nacional. Ainda sobre a crise, ele declarou que "a gente não espera um evento tão agudo quanto foi em setembro de 2008", referindo-se às consequências sentidas pela indústria na última crise econômica.

Segundo Rebelo, a desaceleração dos níveis de empregos já vem sido sentida em diversos outros segmentos da economia e não só na indústria.

"Metade dos setores estão demitindo em um período de contratação. Normalmente esse é um mês de crescimento das contratações", disse.

Para o final do ano, a expectativa da Fiesp é que os níveis de emprego fiquem próximos à estabilidade, em torno de 0,5% e 0%, resultado já esperado desde o início de 2011.

"Todos os empregos gerados no primeiro semestre devem ser anulados até o fim do ano", declarou.

Raíza Dias
Fonte: Último Instante