terça-feira, 11 de outubro de 2011
CE: Inhamuns se destaca na produção de uva
Os agricultores da cidade de Catarina estão obtendo lucro com o plantio de uvas e melhorando de vida
O Município de Catarina, localizado em uma serra, na região dos Inhamuns, com clima ameno, hoje, é modelo de implantação de projetos de cultivo orgânico de hortaliças e fruteiras, com destaque para a goiaba e uva. As áreas de produção são visitadas todos os meses por técnicos e pequenos agricultores de outras cidades para conhecer a experiência de sucesso. O segredo é simples: assistência técnica, apoio ao crédito e implantação de sistemas localizados de irrigação.
O plantio experimental de meio hectare de uva da variedade Itália Moscato (melhorada) implantado no Sítio Bom Lugar, na zona rural de Catarina, na região dos Inhamuns, há um ano, deu certo e deixou o produtor rural, Ronivon Cezário Ferreira, animado. A área foi ampliada e agora é de um hectare. O projeto é dobrar a área do parreiral até o fim de 2012.
Nos últimos três anos, a paisagem dos sertões dos Inhamuns começou a mudar. É uma mudança lenta, mas significativa e já garante um futuro melhor para centenas de pequenos produtores rurais. Em vez das tradicionais culturas de sobrevivência, hortaliças e fruticulturas ocupam cada vez mais espaço em pequenas propriedades a partir de projetos irrigados. O plantio de uva é um dos destaques no cenário rural municipal. Desperta a atenção dos moradores e atrai curiosos de várias localidades que se mostram admirados com a produção e a qualidade dos frutos.
Determinação
O parreiral é fruto da determinação e do esforço do produtor rural, Ronivon Ferreira. Depois da orientação técnica, da implantação de moderno sistema de irrigação e de novos tratos culturais, o agricultor resolveu, há dois anos, revolucionar a produção de sua propriedade. "Decidi plantar uva e estou satisfeito", disse. "Há desafios, mas estou vencendo todos eles".
Ronivon Ferreira começou com o plantio de verduras, que foi ampliado. Hoje, a renda familiar bruta mensal ultrapassa a R$ 3 mil. Implantou maracujá, goiaba, laranja e ampliou a área de tomate. A comercialização dos frutos é feita para centros consumidores da Região Centro-Sul. O produtor lembra que no passado tentou fazer o cultivo de uva, mas sem experiência e conhecimento técnico não deu certo. Depois da chegada de técnicos contratados pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Município e da Ematerce voltou o desejo de implantar o parreiral. Investiu inicialmente R$ 45 mil com recursos próprios.
Clima
O clima ameno da serra onde está localizado o Município de Catarina favorece o cultivo de hortaliças e de fruteiras. A cultura da uva tem ciclo produtivo de quatro meses e com o intervalo de descanso garante ao produtor duas safras e meia por ano. "Estou satisfeito com os primeiros resultados", frisou Ronivon Ferreira. "O meu sonho é continuar investindo na agricultura familiar". Além das frutas e verduras, Ferreira também produz mel de abelha.
Neste ano, o produtor enfrentou uma perda de 20% em decorrência do ataque de pássaros e de mariposa ao parreiral. No ano passado, houve problema semelhante. Mesmo assim, a safra foi quase o dobro da primeira obtida no ano passado.
A maior parte da produção da uva é vendida para o mercado de Iguatu, cidade polo da Região Centro-Sul. A estimativa dos técnicos é que a partir da terceira safra, quando ocorre a estabilidade produtiva do parreiral, a renda obtida deverá ser de R$ 55 mil, para uma área de um hectare.
O chefe do escritório da Ematerce, Rubens Lima, disse que a parceria entre produtores e a Prefeitura caminha com êxito. "A adesão dos agricultores ao programa é crescente". O gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino Neto, acrescenta que a instituição dá apoio para a expansão da fruticultura e ampliação da renda da agricultura familiar.
A produção de uva no Ceará é reduzida, limitada e praticamente restrita à região do Cariri, que responde por cerca de 90% da safra anual. O cultivo é feito em menos de dez Municípios do Interior numa área total estimada em apenas 50 hectares. O maior produtor hoje é Mauriti com 14 hectares implantados. A área cultivada já foi maior, cerca de 200ha, até 2005, mas fatores climáticos e a falta de apoio governamental contribuíram para a redução do cultivo de videira no Estado.
Sistema de irrigação
Na comunidade de São Francisco, o agricultor Pedro Garcia da Silva implantou, em 2009, um novo sistema de irrigação, microaspersão, graças à liberação de R$ 1,5 mil do Pronaf. Numa área de meio hectare, mesmo em solo pedregulho e acidentado, Silva cultiva hortaliças há quatro anos. Sem assistência técnica e com a irrigação manual dos canteiros perdia tempo e a produtividade era reduzida. "Aguava com uma lata e no fim do dia estava cansado", recorda. "Agora, a vida da minha família melhorou muito". O produtor ampliou a produção, cultivando fruteiras. A renda familiar triplicou.
O produtor Cesário de Oliveira, no Sítio Açude Novo, produz milho, tomate e hortaliças, além de criar um pouco de gado e galinha. Incrementa a renda com a venda de pamonha. O clima entre os produtores de Catarina é de entusiasmo em decorrência direta do aumento da renda familiar. "Sem assistência técnica e sem um sistema de irrigação moderno a gente estava numa situação precária", observou o agricultor Francisco Oliveira. "Agora as coisas mudaram e muito para melhor".
Melhoramento
O secretário, Paulo Roberto da Silva, disse que a ideia do projeto é trabalhar com quem já produz. "Havia produção, mas precisava ser melhorada a partir da assistência técnica e do apoio ao crédito por meio do Pronaf", explicou. O gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino Ferreira Neto, previu o crescimento do programa há dois anos. "Havia uma correta articulação e apoio do Município, por isso previmos o sucesso que foi mais do que o esperado", observou Joaquim Neto.
O programa que trabalha com um moderno sistema de irrigação e o cultivo orgânico visa ampliar a produção, reduzir custo, utilizar água de forma racional e incentivar os pequenos produtores a buscarem alternativa, rompendo com a dependência da agricultura tradicional, de sobrevivência e de sequeiro (aquela que depende da água das chuvas) de plantio de arroz, milho e feijão.
EXEMPLO
Produtores investem no cultivo orgânico
Nos últimos dois anos, o Município assistiu à ampliação de cultivos orgânicos de hortaliças e fruticulturas, que estão mudando a vida de um grupo de pelo menos 30 pequenos produtores rurais. "Aqui é um exemplo de um trabalho eficiente que deve ser seguido por outras Prefeituras", ressalta o chefe do escritório da Ematerce de Acopiara e que atende a cidade de Catarina, Francisco Rubens de Lima. "O resultado é o aumento direto da renda dos pequenos produtores rurais".
Em média, cada produtor rural, tem uma renda mensal de R$ 2 mil com o cultivo de hortaliças e fruteiras. Os frutos são comercializados no mercado local e nas cidades de Iguatu, Mombaça e Juazeiro do Norte. O secretário de Agricultura do Município de Jucás, José Teixeira Neto, que recentemente participou de mais uma missão técnica no município foi enfático. "É um dos melhores programa que já vi na região", disse. "O projeto assegurou a produção por meio de assistência técnica e articulou a comercialização, que é um dos entraves no setor".
O prefeito de Catarina, Jeferson Paes de Andrade, estruturou e deu apoio à Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente. O Município contratou técnicos com experiências em áreas de produção de frutas e verduras no Vale do São Francisco, em Pernambuco e na Bahia. A articulação local com os agentes parceiros, Banco do Nordeste, Ematerce e a Conab resultaram no tripé que dá viabilidade ao programa: assistência técnica, concessão de crédito e comercialização.
Sucesso
Os exemplos de sucesso estão em várias localidades do Município e incluem dezenas de agricultores. O investimento na implantação do sistema de irrigação localizada e do cultivo é reduzido. Em média, R$ 2 mil, financiados pelo Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). "Não há necessidade de muito dinheiro para que se comece um cultivo orgânico de hortaliças", observou o secretário de Desenvolvimento Agrário, Paulo Roberto da Silva. "Por outro lado, a renda mensal de cada produtor ultrapassa um salário mínimo", salientou ele. A produção tem por base a agricultura familiar.
Fonte: Diário do Nordeste
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